São Paulo, quinta-feira, 19 de novembro de 2009

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Receita argentina defende ação contra jornal

Diretor do órgão nega influência da Casa Rosada em blitz ao "Clarín'; grupo o processou por "abuso de poder"

SILVANA ARANTES
DE BUENOS AIRES

O diretor da Receita Federal argentina, Ricardo Echegaray, defendeu ontem em Buenos Aires a blitz realizada pelo órgão na sede do jornal "Clarín" e em residências de diretores do grupo de mídia, que teve participação de cerca de 200 fiscais, em setembro último.
"O órgão de imprensa pode opinar o que quiser. Vamos continuar trabalhando", disse.
No dia do episódio, Echegaray negou ter dado a ordem para a blitz, mas foi mantido no cargo, o que levantou suspeita de influência da Casa Rosada nas decisões do órgão.
Ele negou ontem uso da Receita pelo governo para intimidar seus adversários. "A Receita argentina implantou um sistema em que o poder de discricionariedade dos funcionários é quase inexistente", afirmou.
"Os dados vão sendo cruzados e disparam procedimentos de fiscalização, seja qual for o nome do contribuinte", disse.
Ao comentar o porte da operação no "Clarín", afirmou que "esse é o trabalho de fiscalização da Receita". Segundo ele, o órgão contratou quase 2.200 empregados para a área. "Quanto mais recursos humanos a Receita envia para colher informações, mais rápido e seguro é o trabalho", afirmou.
O Grupo Clarín denunciou Echegaray na Justiça por "abuso de poder". A blitz é encarada pelo jornal como tentativa de intimidação do governo Cristina Kirchner, ao qual dispensa tratamento crítico. A operação seria, por esse ponto de vista, parte de um conjunto de medidas do governo destinadas a lesar a empresa.
A ruptura pela Associação do Futebol Argentino do contrato de transmissão de futebol com empresa do grupo, posteriormente transferido ao Estado; a aprovação da Lei de Serviços Audiovisuais, que obrigará o grupo a reduzir seus negócios em TV; e o bloqueio parcial da distribuição do jornal promovido por um sindicato alinhado ao kirchnerismo seriam outras tentativas do governo de prejudicar o Grupo Clarín.
Desde a blitz no "Clarín", Echegaray contabiliza "122 reportagens [negativas à sua gestão] e 23 chamadas na primeira página" publicadas pelo diário.
"Estou mais do que convencido de que a [correta] gestão [do órgão] desarticula qualquer ideia de difamação", afirmou.


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