|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Receita argentina defende ação contra jornal
Diretor do órgão nega influência da Casa Rosada em blitz ao "Clarín'; grupo o processou por "abuso de poder"
SILVANA ARANTES
DE BUENOS AIRES
O diretor da Receita Federal
argentina, Ricardo Echegaray,
defendeu ontem em Buenos Aires a blitz realizada pelo órgão
na sede do jornal "Clarín" e em
residências de diretores do grupo de mídia, que teve participação de cerca de 200 fiscais, em
setembro último.
"O órgão de imprensa pode
opinar o que quiser. Vamos
continuar trabalhando", disse.
No dia do episódio, Echegaray negou ter dado a ordem para a blitz, mas foi mantido no
cargo, o que levantou suspeita
de influência da Casa Rosada
nas decisões do órgão.
Ele negou ontem uso da Receita pelo governo para intimidar seus adversários. "A Receita argentina implantou um sistema em que o poder de discricionariedade dos funcionários
é quase inexistente", afirmou.
"Os dados vão sendo cruzados e disparam procedimentos
de fiscalização, seja qual for o
nome do contribuinte", disse.
Ao comentar o porte da operação no "Clarín", afirmou que
"esse é o trabalho de fiscalização da Receita". Segundo ele, o
órgão contratou quase 2.200
empregados para a área.
"Quanto mais recursos humanos a Receita envia para colher
informações, mais rápido e seguro é o trabalho", afirmou.
O Grupo Clarín denunciou
Echegaray na Justiça por "abuso de poder". A blitz é encarada
pelo jornal como tentativa de
intimidação do governo Cristina Kirchner, ao qual dispensa
tratamento crítico. A operação
seria, por esse ponto de vista,
parte de um conjunto de medidas do governo destinadas a lesar a empresa.
A ruptura pela Associação do
Futebol Argentino do contrato
de transmissão de futebol com
empresa do grupo, posteriormente transferido ao Estado; a
aprovação da Lei de Serviços
Audiovisuais, que obrigará o
grupo a reduzir seus negócios
em TV; e o bloqueio parcial da
distribuição do jornal promovido por um sindicato alinhado
ao kirchnerismo seriam outras
tentativas do governo de prejudicar o Grupo Clarín.
Desde a blitz no "Clarín",
Echegaray contabiliza "122 reportagens [negativas à sua gestão] e 23 chamadas na primeira
página" publicadas pelo diário.
"Estou mais do que convencido de que a [correta] gestão
[do órgão] desarticula qualquer
ideia de difamação", afirmou.
Texto Anterior: Lima e Santiago internacionalizam crise Próximo Texto: Congresso: Casa Rosada aprova reforma política na Câmara Índice
|