São Paulo, sábado, 19 de dezembro de 2009

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Candidatos chilenos incorporam propostas de terceiro colocado

Campanha no segundo turno se concentra em atrair eleitores de esquerdista

THIAGO GUIMARÃES
DA REPORTAGEM LOCAL

Em busca do eleitorado que vai decidir a sucessão presidencial no Chile, os candidatos Sebastián Piñera e Eduardo Frei, que se enfrentam em segundo turno em 17 de janeiro, começaram nesta semana a incorporar propostas de Marco Enríquez-Ominami, 36, o dissidente da coalizão governista que concorreu como independente e obteve 20,1% dos votos.
Após construir sua candidatura apelando aos descontentes com a política, o ex-socialista Ominami se disse neutro no segundo turno -afirma que Frei e Piñera são "muito parecidos". Sem o apoio oficial, as campanhas se mexem para converter os eleitores de Ominami.
Vencedor do primeiro turno, com 44% dos votos, o empresário Piñera, candidato da Aliança (centro-direita), saiu na frente. Reforçou envio de material gráfico às regiões de melhor votação do deputado e contratou o chefe da equipe econômica de Ominami, o que já resultou na incorporação de propostas do ex-candidato.
A primeira delas é um pacote de incentivos tributários para pequenas e médias empresas. "Há propostas de Marco em proteção dessas empresas que tornaremos nossas, e tiro o chapéu a vocês [equipe do ex-candidato]", disse o chefe de campanha de Piñera, Rodrigo Hinzpeter. O comando do empresário cogita ainda aumentar impostos à mineração e reduzir tributos sobre pessoas físicas.
Já o ex-presidente Eduardo Frei (1994-1999), candidato da Concertação, o bloco de centro-esquerda que governa o país há 20 anos, destacou coincidências políticas com Ominami. Anunciou a adoção de duas propostas do ex-candidato nessa área: um estatuto com garantias e direitos para militantes de partidos políticos e uma lei de cotas para menores de 35 anos em listas eleitorais.
Segundo colocado com 29,6% dos votos, Frei tenta equilibrar os discursos de continuidade e mudança, em tentativa de capitalizar a aprovação da presidente Michelle Bachelet, que beira os 80%, e mostrar que entendeu o recado das urnas -que levou a Concertação à sua primeira derrota em 20 anos, ainda que parcial, em uma votação para presidente.
O desgaste da coalizão governista -já expresso na divisão da esquerda em três candidaturas no primeiro turno - ficou nítido no relançamento da campanha de Frei, na quarta-feira. Anunciados pelo ex-presidente, os líderes dos quatro partidos da coalizão foram vaiados pelos cerca de 5.000 militantes presentes.
Para o analista Patricio Navia, que declarou apoio a Ominami, a estratégia de Frei de polarizar a disputa com Piñera não será eficiente para captar os votos do deputado. "O eleitor de Marco votou pela mudança, e Frei não conseguiu assumir esse conceito."
Pesquisa divulgada ontem pelo jornal "La Segunda", a primeira pós-eleições, apontou vantagem para Piñera, que alcançaria 48% no segundo turno, contra 43% de Frei. Registrou ainda maior taxa de rejeição para Frei: 49%, contra 35% de Piñera.


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