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Candidatos chilenos incorporam propostas de terceiro colocado
Campanha no segundo turno se concentra em atrair eleitores de esquerdista
THIAGO GUIMARÃES
DA REPORTAGEM LOCAL
Em busca do eleitorado que
vai decidir a sucessão presidencial no Chile, os candidatos Sebastián Piñera e Eduardo Frei,
que se enfrentam em segundo
turno em 17 de janeiro, começaram nesta semana a incorporar propostas de Marco Enríquez-Ominami, 36, o dissidente da coalizão governista que
concorreu como independente
e obteve 20,1% dos votos.
Após construir sua candidatura apelando aos descontentes
com a política, o ex-socialista
Ominami se disse neutro no segundo turno -afirma que Frei
e Piñera são "muito parecidos".
Sem o apoio oficial, as campanhas se mexem para converter
os eleitores de Ominami.
Vencedor do primeiro turno,
com 44% dos votos, o empresário Piñera, candidato da Aliança (centro-direita), saiu na
frente. Reforçou envio de material gráfico às regiões de melhor votação do deputado e
contratou o chefe da equipe
econômica de Ominami, o que
já resultou na incorporação de
propostas do ex-candidato.
A primeira delas é um pacote
de incentivos tributários para
pequenas e médias empresas.
"Há propostas de Marco em
proteção dessas empresas que
tornaremos nossas, e tiro o
chapéu a vocês [equipe do ex-candidato]", disse o chefe de
campanha de Piñera, Rodrigo
Hinzpeter. O comando do empresário cogita ainda aumentar
impostos à mineração e reduzir
tributos sobre pessoas físicas.
Já o ex-presidente Eduardo
Frei (1994-1999), candidato da
Concertação, o bloco de centro-esquerda que governa o
país há 20 anos, destacou coincidências políticas com Ominami. Anunciou a adoção de duas
propostas do ex-candidato nessa área: um estatuto com garantias e direitos para militantes de partidos políticos e uma
lei de cotas para menores de 35
anos em listas eleitorais.
Segundo colocado com
29,6% dos votos, Frei tenta
equilibrar os discursos de continuidade e mudança, em tentativa de capitalizar a aprovação da presidente Michelle Bachelet, que beira os 80%, e mostrar que entendeu o recado das
urnas -que levou a Concertação à sua primeira derrota em
20 anos, ainda que parcial, em
uma votação para presidente.
O desgaste da coalizão governista -já expresso na divisão
da esquerda em três candidaturas no primeiro turno - ficou
nítido no relançamento da
campanha de Frei, na quarta-feira. Anunciados pelo ex-presidente, os líderes dos quatro
partidos da coalizão foram
vaiados pelos cerca de 5.000
militantes presentes.
Para o analista Patricio Navia, que declarou apoio a Ominami, a estratégia de Frei de
polarizar a disputa com Piñera
não será eficiente para captar
os votos do deputado. "O eleitor de Marco votou pela mudança, e Frei não conseguiu assumir esse conceito."
Pesquisa divulgada ontem
pelo jornal "La Segunda", a primeira pós-eleições, apontou
vantagem para Piñera, que alcançaria 48% no segundo turno, contra 43% de Frei. Registrou ainda maior taxa de rejeição para Frei: 49%, contra 35%
de Piñera.
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