São Paulo, terça-feira, 20 de janeiro de 2009

Texto Anterior | Índice

Hillary surge com novo nome de enviado especial à região

ELISABETH BUMILLER
DO "NEW YORK TIMES"

Pessoas próximas a Hillary Clinton, futura secretária de Estado americana, afirmaram que George Mitchell, ex-líder democrata no Senado e presidente de uma comissão sobre a paz no Oriente Médio em 2001, é um dos principais candidatos ao posto de enviado especial do governo Obama ao Oriente Médio. A indicação de Mitchell, um negociador experimentado e respeitado, sinalizaria que o presidente eleito estará atribuindo alta prioridade à região desde seus primeiros dias de governo.
Pessoas próximas a Hillary, que deve ser confirmada no posto logo depois da posse de Obama, amanhã, disseram que não está certo quando ela fará sua primeira visita oficial à região; secretários de Estado americanos costumam fazer visitas ao Oriente Médio e à Europa logo depois de assumirem, mas as eleições israelenses, marcadas para 10 de fevereiro, complicam a agenda de Hillary.
Especialistas em assuntos do Oriente Médio dizem que não é certo que papel Hillary poderia desempenhar nas negociações indiretas entre Israel e o Hamas patrocinadas pelos presidentes Hosni Mubarak, do Egito, e Nicolas Sarkozy, da França. "Eles terão de avaliar se o envolvimento dela é apropriado, a esta altura", disse Martin Indyk, antigo embaixador dos Estados Unidos em Israel.
"Caso os egípcios tenham o processo básico sob controle, pode não ser necessário que ela faça uma visita imediata. O que ela deve evitar é qualquer impressão de que está se exibindo quando existe a possibilidade de que as hostilidades recomecem assim que ela retornar."
Mitchell, 75, foi indicado em 2000, no final da Presidência de Bill Clinton, para a presidência de uma comissão cuja missão era investigar as causas da violência continuada no Oriente Médio. Ele divulgou um relatório no segundo trimestre de 2001, quando o governo Bush ainda estava no começo, pedindo o congelamento da expansão das colônias israelenses na Cisjordânia e um esforço de repressão ao terrorismo por parte dos palestinos.
Outros especialistas em assuntos do Oriente Médio dizem que, se Mitchell for indicado para o posto, ele será visto pelos dois lados como um negociador mais duro mas menos parcial do que enviados mais recentes, e que isso poderia enervar alguns israelenses. Mitchell tem ancestrais libaneses e irlandeses. Seu pai, Joseph Kilroy, era um órfão adotado por uma família libanesa cujo nome foi anglicizado para Mitchell, e George Mitchell foi criado como cristão maronita por sua mãe libanesa. A indicação de Mitchell seria forte sugestão de que "Obama vai descartar a relação exclusiva que vínhamos mantendo com os israelenses", disse Aaron David Miller, analista político do Centro Internacional Woodrow Wilson. "Trata-se da mais clara indicação de que eles estão tentando injetar um maior equilíbrio no relacionamento entre Israel e os Estados Unidos, a meu ver", ele disse.

Tradução de PAULO MIGLIACCI


Texto Anterior: Brasileira diz que prefere Gaza ao Rio
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.