São Paulo, quarta-feira, 20 de janeiro de 2010

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Democrata assume "sua guerra" e paga um alto preço por isso

IGOR GIELOW
SECRETÁRIO DE REDAÇÃO
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA


Na semana em que completa um ano no poder, Barack Obama viu uma série mortífera de ataques a Cabul, o engalfinhamento de tropas paquistanesas e aviões-robôs americanos com radicais islâmicos e a montagem de um governo impopular no Afeganistão.
Isso significa que aquela que foi eleita sua prioridade estratégica, a solução conjunta para a região conhecida como "Afe-Paqui", é um fracasso? Não. Mas nem tampouco é possível dizer que a mudança de rumo na lida com a fronteira mais exposta da antes chamada guerra ao terror terá sucesso.
Há três aspectos centrais para abordar seu desempenho. Primeiro, depois de muita protelação, ele cedeu aos pedidos militares por mais tropas no Afeganistão. A concessão foi parcial: os 30 mil homens a serem enviados eram menos do que os comandantes queriam, e ele promete começar a sair em 2011 -como, ninguém sabe.
Se isso resolve as coisas, essa é outra questão. O Taleban não é homogêneo, e não há um Estado real como havia no Iraque para ocupar espaços.
Aí entra o segundo ponto da estratégia Obama. Ansioso para dar uma resposta de avanço político, ele forçou a realização de eleições no país em agosto. O resultado foi catastrófico, com uma reeleição claramente fraudada de Hamid Karzai, dependente justamente dos líderes locais que impedem a coesão de um Estado afegão.
Por fim, o presidente ainda não integrou a questão afegã à paquistanesa. Do lado de lá da fronteira, o Exército tomou as rédeas do combate aos terroristas fazendo grandes e midiáticas operações, com apoio dos americanos e seus robôs Predator -que mataram o líder do Taleban local. Mas com um governo civil fraco e tirando da discussão a relação com a rival Índia, fica difícil falar em "Afe-Paqui". O cenário é outro, buscando uma forma de deixar o Afeganistão e ver o Paquistão tão estável quanto possível. Se vai dar certo, é outra história.


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