São Paulo, quinta-feira, 20 de janeiro de 2011

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ANÁLISE

Washington enfim reconhece Pequim como superpotência

JULIAN BORGER
EWEN MACASKILL
PHILLIP INMAN

DO "GUARDIAN"

Na última visita que Hu Jintao fez a Washington, em 2006, foi recebido na Casa Branca apenas para um almoço de trabalho, e relatos dão conta de que jamais perdoou George W. Bush pelo que entendeu como insulto.
Em contraste, é improvável que Hu veja algo de errado com a recepção dada pelo governo Obama: um jantar íntimo na Casa Branca, um banquete formal de Estado, salva de 21 tiros e toda a pompa de uma parada militar.
A mensagem é clara: trata-se das duas maiores potências mundiais, reunidas de igual para igual. É esse senso de um status de igualdade que distingue a atual visita chinesa a Washington.
A economia chinesa está se aproximando rapidamente da americana e, segundo dados da Universidade da Pensilvânia, talvez até já a tenha ultrapassado.
O Exército Popular de Libertação chinês é o maior do planeta, com 2,2 milhões de soldados, perante 1,6 milhão de efetivos das Forças Armadas americanas.
No cenário mundial, a China também se tornou gigante, emprestando mais dinheiro que o Banco Mundial aos países em desenvolvimento, nos últimos dois anos, segundo o "Financial Times".
Mas esses números podem ser enganosos. Os EUA são um país rico, enquanto a maior parte da China continua dolorosamente pobre.
Quanto ao escopo militar não há dúvida de que os EUA contam com muito melhor equipamento e treinamento, e com muito mais poderio.
Quanto ao indicador definitivo de status de superpotência, o arsenal nuclear, os EUA superam a China por larga vantagem. A estimativa é de que os americanos possuam mais de 9.000 ogivas; a China tem cerca de 240.
O que coloca a China no mesmo patamar dos EUA é seu dinamismo. É sua trajetória, mais que seu poderio atual, que lhe confere o status de superpotência.
Os comentaristas se referem ao século 21 como século da China, em sucessão ao século americano, o século 20.
A grande incógnita será determinar se a atual trajetória chinesa poderá ser sustentada nas próximas décadas.

Tradução de PAULO MIGLIACCI


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