São Paulo, quinta-feira, 20 de janeiro de 2011

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Reforma da saúde cai na Câmara dos EUA

Aprovação pela Casa, de maioria republicana, não terá efeito prático, uma vez que Obama controla o Senado

Ato foi visto como um recado da oposição, fortalecida desde a última eleição, ao presidente democrata

DE WASHINGTON

A Câmara dos Representantes (deputados) dos EUA aprovou ontem com folga uma medida para derrubar a reforma do sistema de saúde, uma das ações mais importantes do governo democrada de Barack Obama.
O ato foi largamente simbólico, já que o Senado, controlado por democratas, dificilmente aprovaria a rejeição à reforma e, de toda forma, a Casa Branca a vetaria.
Mas é uma primeira e forte mensagem da nova liderança republicana da Câmara de que pretende reverter as vitórias conquistadas pelo presidente nos últimos dois anos.
A votação terminou em 245 votos a favor e 189 contra, com todos os republicanos e três democratas a favor da derrubada.
"O povo americano merece ver um voto no Senado, que não deve ser o lugar onde leis caem em um beco sem saída", disse Eric Cantor, líder da maioria na Câmara.
Os republicanos afirmam que, além de expandir demais os poderes do governo central, a reforma aumentará custos das apólices e provocará perda de empregos. Democratas discordam e afirmam que a lei diminuirá a dívida pública no longo prazo.
Obama disse que os americanos já estão se beneficiando da reforma e que não deixará a oposição destruí-la.

Por partes
A votação foi feita no fim da tarde ontem depois de um debate feroz. Ela havia sido adiada em uma semana devido a um ataque no Arizona que matou seis e feriu, entre outros, a deputada democrata Gabrielle Giffords.
Como sabe que tem chances mínimas de enterrar a reforma por completo, a oposição planeja daqui para diante votar separadamente em diversas provisões da lei para desconstruí-la aos poucos.
A parte mais polêmica, e que deve ser rapidamente atacada, é o mandato individual que torna obrigatória a aquisição de planos de saúde, com subsídios para quem não pode comprar.
Criticada como interferência indevida do governo na vida dos cidadãos, essa provisão é chave para a reforma. A expansão do número de compradores de planos está na base dos objetivos de queda de preços das apólices, aumento da concorrência e eliminação de limitações como a rejeição de clientes por doenças preexistentes.
Mesmo democratas já se disseram dispostos a discutir a obrigatoriedade.
A maioria dos americanos recebe os planos de saúde como benefício empregatício.
Outro ponto sob a mira dos republicanos são provisões relativas a aborto. Apesar de o governo dizer que nenhum centavo federal financiará diretamente abortos, os republicanos veem buracos na lei e querem apertar ainda mais as proibições.
Ao menos 26 Estados nos EUA já lançaram desafios à reforma na Justiça por a considerarem inconstitucional (seis deles entraram em processos já existentes ontem).
A reversão da reforma da saúde foi uma promessa da oposição durante a corrida eleitoral ao Congresso no ano passado. O apoio do eleitorado flutuou ao longo do ano, mas chegou a pender claramente contra a reforma.
Hoje, a rejeição do público à reforma está diminuindo -25% a querem totalmente repelida e 30% manifestam oposição forte, segundo pesquisa Associated Press.
(ANDREA MURTA)


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