São Paulo, quinta-feira, 20 de janeiro de 2011

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Ex-ditador "Baby Doc" sugere volta à política no Haiti

Porta-voz de Jean-Claude Duvalier propõe a anulação do 1º turno de eleição para que ele possa concorrer após processo judicial

Hector Retamal/FrancePresse
Simpatizante mostra medalha do ex-ditador haitiano "Baby Doc", diante do hotel Karibe

MARCEL MERGUIZO
ENVIADO ESPECIAL A PORTO PRÍNCIPE
FLÁVIA MARREIRO
DE CARACAS

Indiciado por corrupção e desvio de verbas pelo Ministério Público haitiano, o ex-ditador Jean-Claude Duvalier, o "Baby Doc", permanecia ontem num hotel de luxo de Porto Príncipe enquanto seus advogados diziam que ele pretende ficar no Haiti "para sempre" -e voltar à política.
Seu porta-voz, Henry Robert Sterlin, ex-embaixador haitiano na França, disse que os aliados do ex-ditador "precisam fazer tudo" para que o primeiro turno das eleições seja anulado e assim ele possa ser candidato.
Duvalier está "à disposição" da Justiça haitiana, que tem agora três meses para decidir sobre denúncias apresentadas pela Procuradoria anteontem.
Ele voltou ao Haiti de surpresa no domingo após 25 anos de exílio.
O ex-ditador teve o passaporte confiscado, mas seu defensor, Reynold Georges, garante que ele é livre "para ir onde quiser".
Ontem, quatro vítimas da repressão do seu regime (1971-1986) apresentaram à Justiça denúncias de violações de direitos humanos.

"MANDELA HAITIANO"
"Duvalier é o Mandela do Haiti", diz Willy Bartheloy, 50, ex-combatente do Exército no período em que que "Baby Doc" esteve no poder.
"A África tem Mandela, que ficou 27 anos na prisão e voltou como presidente. Duvalier voltou para o bem do Haiti. O presidente [René] Préval também não fez nada depois do terremoto", afirma Bartheloy.
O CEP (Conselho Eleitoral Provisório) afirmou anteontem à noite que "considerará" o relatório feito por uma comissão da OEA (Organização dos Estados Americanos) sobre o pleito.
O texto recomendou a realização do segundo turno entre os opositores Mirlande Manigat e Michel Martelly.
Ficaria fora da disputa o governista Jude Celéstin.
A nota frisou, porém, que caberá ao próprio CEP a decisão final sobre a votação.
A ONU prevê violência nas ruas após a decisão.

O jornalista MARCEL MERGUIZO viajou a convite da Jornada Haitiana do Esporte


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