São Paulo, quinta-feira, 20 de janeiro de 2011

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Projeto quer mapear maior favela da África

ONG formada por jovens trabalha para jogar luz sobre Kibera, localizada no Quênia

CAROLINA MONTENEGRO
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA, EM NAIRÓBI (QUÊNIA)

Maior favela da África, na periferia de Nairóbi (Quênia), Kibera tem 1 milhão de habitantes e fama mundial -principalmente depois que serviu de cenário para o filme "O Jardineiro Fiel" (2005), dirigido pelo brasileiro Fernando Meirelles.
Mas nos mapas, aparelhos de GPS e Google, Kibera sempre foi uma grande mancha cinza, sem a localização de casas, prédios públicos e serviços sociais.
A situação começou a mudar há pouco mais de um ano. Hoje, já é possível monitorar pela internet qual a situação de saúde, educação, segurança e recursos sanitários do local.
Realizado com apoio de geógrafos americanos, o projeto Mapeando Kibera é o responsável. Emprega jovens moradores locais que aprenderam a criar mapas on-line usando GPS e softwares abertos.
"O projeto foi desenvolvido em resposta à falta de dados geográficos disponíveis e abertos ao público sobre uma das maiores favelas do mundo", explica Jamie Lundine, coordenadora do projeto.
Jane Bisanju, uma das jovens envolvidas no mapeamento do programa, afirma que a expectativa é informar a comunidade local sobre os recursos existentes e os que ainda faltam para promover melhorias.
"Descobrimos, por exemplo, que na favela só existem três escolas públicas e dezenas de outras privadas. Cibercafés para acessar a internet são dez na favela toda", explica.
O custo total, de US$ 85 mil (R$ 135 mil), contou com doações privadas e fundos de organizações como o Unicef (agência da ONU para a infância).
Segundo Lundine, os gastos foram reduzidos graças ao trabalho de voluntários.
Kibera tem altos índices de violência, pobreza e desemprego. Estima-se que apenas 20% de sua população tenha acesso a eletricidade. Mais de 70% são desempregados.
Em 2008, quando o país pegou fogo após uma disputa eleitoral em que houve acusações de fraude, lá se travaram os maiores confrontos. Centenas morreram (o número é inexistente).
Para 2011, os planos são mapear e nomear todas as ruas da favela. A organização do projeto também vai lançar um atlas com os mapas já produzidos e imprimir alguns deles para distribuir em escolas e locais públicos na região.
"Pensamos ainda em pintar alguns mapas em muros aqui, para que os moradores possam tomar mais conhecimento deles", diz Bisanju.


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