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Ajuda Venezuelana dá sobrevida a regime
FABIANO MAISONNAVE
DE CARACAS
Em cadeia obrigatória de rádio e televisão, o presidente da
Venezuela, Hugo Chávez, disse
ontem à noite que Fidel Castro
não renunciou -apenas deixou
de concorrer à reeleição. O
mandatário chamou o aliado
cubano de "pai eterno".
"Camarada memorável, nosso líder, pai eterno que está na
terra, na água e no ar, tudo tem
o seu nome nessa imensa latitude", discursou Chávez, durante a inauguração de um hospital na região de Caracas.
"Fidel não renunciou, simplesmente fez um grande esforço para concluir o período que
lhe correspondia", disse o venezuelano. "Mas Fidel não se
retira, Fidel não renuncia, Fidel foi absolvido pela história e
Fidel estará na cabeça dos revolucionários e das revolucionárias deste continente."
Durante o período em que
Chávez e Fidel coincidiram no
poder, Venezuela e Cuba experimentaram uma aproximação
diplomática inédita. Os projetos bilaterais, a ajuda direta e os
generosos financiamentos já
transferiram cerca de US$ 7,5
bilhões da Venezuela a Cuba,
segundo levantamento da Fundação Justiça e Democracia, ligado ao partido oposicionista
Primeiro Justiça. O país é o que
mais recebe dinheiro venezuelano, seguido de perto pela Argentina, com US$ 7,2 bilhões.
Um dos principais projetos é
a reativação da refinaria cubana Cienfuegos, construída com
ajuda soviética entre 1985 e
1990 e paralisada um ano depois. No mês passado, a planta
voltou a operar graças ao financiamento de cerca de US$ 140
milhões enviado pelo governo
de Hugo Chávez. É o maior
símbolo de como Caracas substituiu Moscou para manter o
regime comunista da ilha.
Na Venezuela, a presença cubana também é evidente. Hoje,
vivem no país cerca de 17 mil
profissionais de saúde cubanos,
a maioria atuando no Bairro
Adentro, programa do governo
federal que instalou milhares
de pequenos centros médicos
nas regiões mais pobres. Profissionais do governo Fidel também têm forte presença em outras áreas como educação e
projetos agrícolas.
Iniciados em março de 2003
já com forte participação cubana, esses programas sociais,
chamados de missões, têm sido
um dos principais responsáveis
pela alta popularidade de Chávez entre os mais pobres, segundo institutos de pesquisa de
opinião venezuelanos.
O pagamento não é feito de
forma tradicional. Para ter a
mão-de-obra cubana, a Venezuela envia diariamente 92 mil
de barris diários de petróleo, vitais para a segurança energética da ilha caribenha -representa 43% do consumo do país,
de cerca de 210 mil barris/dia.
Nos últimos meses, os dois
países têm aumentado o número de projetos sob o âmbito da
Alba (Alternativa Bolivariana
para os Povos da Nossa América). No mês passado, criaram
um banco com capital inicial de
US$ 1 bilhão.
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