São Paulo, domingo, 20 de fevereiro de 2011

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Brasil é pressionado a criticar na ONU abusos do regime iraniano

País persa será tema da nova sessão do Conselho de Direitos Humanos, que começa no dia 28

Ativistas enviam carta para Dilma e reúnem-se com Marco Aurélio Garcia; Brasil se absteve em voto no ano passado

CLAUDIA ANTUNES
DO RIO

O Irã será alvo de condenação no Conselho de Direitos Humanos da ONU, na sessão que começa no dia 28, e o governo brasileiro está sob forte pressão de ativistas da área para apoiar a moção, articulada pelos EUA.
Além de enviar uma carta à presidente Dilma Rousseff, a Nobel da Paz iraniana Shirin Ebadi se reuniu com Maria Nazareth Azevedo, embaixadora brasileira na delegação da ONU em Genebra, sede do Conselho.
Nesta semana, a ONG Conectas traz dois iranianos para encontro com Marco Aurélio Garcia, assessor internacional do Planalto -Hadi Ghaemi, diretor da Campanha Internacional para os Direitos Humanos no Irã, e Parvin Ardalan, militante dos direitos femininos.
Oficialmente, o Itamaraty informa que não decidiu sua posição. Em entrevista anteontem, porém, o chanceler Antonio Patriota indicou que o Brasil deverá votar a favor da condenação.
Ele defendeu abordagem "equilibrada" do tema. Mas disse que não é "insensível" a "flagrantes violações".
O Irã nunca foi condenado no Conselho, que em 2006 substituiu a Comissão de Direitos Humanos, acusada pelos países em desenvolvimento de ser manipulada pelas potências.
A resolução proporá a nomeação de um "relator especial" para o país persa, vigilância sob a qual estão hoje apenas nove nações, incluindo a Coreia do Norte.
Se o Brasil apoiar a moção, romperá com a abstenção que vinha praticando em outro órgão da ONU, a 3ª Comissão, que diz não considerar o fórum adequado para tratar de casos de violações.
Mas não fugirá tanto de seu padrão de atuação no Conselho, do qual é um dos 47 membros eleitos. Ali, o país tem negociado moções.
Em 2007, por exemplo, mediou uma proposta conciliatória sobre o Sudão, muito criticada pelas ONGs.
Condenar o Irã será complicado devido às revoltas e à repressão atuais em outros países do Oriente Médio, incluindo membros do Conselho, como Bahrein.
Não há propostas contra esses países, mas eles tanto podem não acusar o Irã para evitar ser os próximos quanto apoiar a moção com o mesmo objetivo -depende da barganha política.


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