SÉRGIO DÁVILA
ENVIADO ESPECIAL A BAGDÁ

Às 5h35 de Bagdá (23h35 de Brasília), os EUA iniciaram a guerra contra o Iraque para derrubar Saddam Hussein. Nas ruas desertas da capital do país, foram ouvidas sirenes, explosões e o som de baterias antiaéreas. Os americanos atacaram com mísseis Tomahawk e bombas a partir de caças-bombardeiros F-117. Os alvos era prédios específicos, onde, segundo os EUA, estavam líderes iraquianos, entre os quais Saddam.
O ataque começou uma hora e 35 minutos depois de terminado o ultimato dado pelo presidente americano, George W. Bush, para que o ditador iraquiano e seus filhos deixassem o país, caso quisessem evitar a guerra.
Os primeiros ruídos de bombas coincidiram com os primeiros raios de sol da quinta-feira na capital iraquiana. Da janela do quarto do hotel Palestine, no centro de Bagdá, foi possível ver a explosão de uma construção de grande porte, uma refinaria, que pegou fogo.
O início da ação militar foi determinada após Bush ter sido chamado pelos seus principais assessores por volta das 21h (23h em Brasília), informa Fernando Canzian. O presidente foi informado de que haveria a possibilidade de os EUA atingirem com mísseis o comando central das tropas de Saddam se o ataque fosse imediato.
Essa "oportunidade" de atingir Saddam com um bombardeio específico fez com que a ofensiva, pelo menos nos primeiros momentos, não fosse o ataque massacrante previsto pelos militares norte-americanos.
Em pronunciamento de quatro minutos à nação, à 0h15, Bush disse que os "primeiros estágios das operações militares" haviam começado. "Sob as minhas ordens, as forças da coalizão começaram a atacar alvos militares importantes. É o início de uma campanha ampla e concentrada com o apoio de 35 países."
Bush voltou a citar a ameaça terrorista contra os EUA para justificar os ataques e lembrou, indiretamente, os atentados de 11 de setembro de 2001. "Nós vamos enfrentar essa ameaça agora, com nosso Exército, Força Aérea, Marinha, Guarda Costeira e marines para não termos de enfrentá-la mais tarde, com bombeiros, policiais e médicos nas ruas de nossas cidades."
Cerca de três horas depois do início do ataque, a TV iraquiana transmitiu pronunciamento de Saddam. O iraquiano prometeu levar "humilhação" e "derrota aos inimigos". "Saquem suas espadas, não temos medo."
Durante o dia, cerca de 20 mil soldados e 10 mil tanques avançaram sobre a zona desmilitarizada entre o Kuait e o Iraque. Ao todo, 240 mil militares americanos e 40 mil britânicos estavam na região. A Casa Branca pediu aos americanos que se preparem para a perda de vidas e avisou que a guerra pode ser longa. Segundo os EUA, até 17 soldados iraquianos se renderam.


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