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São Paulo, quinta-feira, 20 de março de 2003

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Árabes nos EUA traçam plano para se defender

DE NOVA YORK

Grupos de defesa dos cerca de 3 milhões de árabes e/ou muçulmanos que vivem nos EUA já instruem a comunidade sobre como proceder durante a guerra no Iraque.
Assim como o governo americano, árabes e muçulmanos também traçam seus planos de proteção contra crimes de ódio.
Segundo as entidades, a aproximação da guerra havia desencadeado uma escalada de casos de discriminação nos EUA.
"Nas últimas três semanas, notamos aumento nos crimes de ódio contra muçulmanos, árabes e quem aparente ser do Oriente Médio. Agressões físicas foram relatadas na Califórnia na Georgia, em Nova Jersey e na Carolina do Sul", diz Hodan Hassan, coordenador do Cair (Council on American-Islamic Relations).
Outra organização, a ADC (American-Arab Anti-Discrimination Committee), aponta na mesma direção. "Temos notado muitos casos de discriminação no trabalho. Só depois do 11 de setembro, registramos mais de 700", diz Leila al Uateima, porta-voz da entidade.
O temor, agora, é que pessoas e lugares da comunidade árabe sejam alvo de atentados, o que é especialmente válido para o caso de mesquitas nos EUA. Por isso, resolveram distribuir cartilhas de instrução para a comunidade.
O Cair, por exemplo, publicou nesta semana um guia de nove páginas com todos os passos a tomar de acordo com o problema.
Em caso de ameaça de bomba em algum prédio, por exemplo, o texto ensina: "Mantenha a pessoa na linha o maior tempo possível. Peça que a mensagem seja repetida. Grave ou escreva tudo o que ele disser. Informe-o que a detonação da bomba pode atingir muitas pessoas inocentes".
O guia da ADC, que a entidade estima ter chegado a 20 mil pessoas, vai na mesma linha: "Caso seu lugar de trabalho ou escola seja identificado com árabes ou muçulmanos, procure conhecer todas as saídas".
A recomendação, sempre, é levar os casos ao FBI e à polícia. "Peça que seja tratado como um crime de ódio. Peça às testemunhas que lhe dêem o nome e informação para contato. Guarde provas. Tire fotografias. Aja rápido. Anuncie os resultados quando o incidente tiver sido resolvido", diz o guia da Cair.
Há instruções, também, para que líderes árabes e muçulmanos façam imediatamente reuniões com autoridades e políticos locais, além de estabelecer contato com outras minorias para tentar formar uma coalizão de defesa.
A Cair pede ainda que advogados muçulmanos trabalhem de graça para a comunidade islâmica "neste tempo de crise".
O grau de tensão, porém, deverá depender da temperatura da guerra. "Se for uma campanha curta, a maioria dos americanos que poderiam ter preconceito em relação a nós se sentirão vitoriosos e provavelmente nos deixarão em paz", diz Jean AbiNader, do Arab American Institute. (RD)


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