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PLANO
Operação de US$ 5 mi por semana contra possíveis ataques é deflagrada; prefeito diz que espera mais verbas de Washington
Assustada, NY se prepara para o terror
DE NOVA YORK
Oficiais com armas automáticas a tiracolo tomaram as ruas. A
população se mostra apreensiva.
O governo diz que, mesmo sem
dinheiro, vai fazer todo o possível
para evitar ataques à cidade.
A guerra pode até ter Bagdá como alvo, mas é Nova York que dá
a medida de como a ação militar
assusta também os americanos.
Na cidade que mais sofreu com
os atentados de 11 de setembro de
2001, a preocupação com a possibilidade de novos ataques terroristas desencadeou uma verdadeira operação de guerra.
A polícia montou um pacote de
medidas, reunidas sob o nome de
"Operação Atlas". O plano é ambicioso. Na parte mais evidente,
leva para locais de grande concentração pública a armadura do esquema que tem funcionado nos
aeroportos americanos desde o 11
de setembro.
A cidade promete vigilância especial, incluindo cães farejadores
e esquadrões antibombas, a estações de trem e metrô, prédios governamentais, hotéis, instituições
financeiras, órgãos da mídia, consulados e casas religiosas.
Pontes e túneis de acesso a Manhattan já ganharam barreiras
policiais, assim com algumas avenidas da cidade. Policiais também
guardam emissoras de TV e rádio, por causa do temor de que
elas sejam usadas para transmitir
mensagens de algum grupo.
A polícia diz ainda que boa parte do plano não será percebida pela população, como a presença de
policiais a paisana pela cidade.
Todo esse aparato, porém, custa
caro, e a cidade, que vê sua economia andar de lado, não quer pagar
a conta. A polícia diz que seu plano custará US$ 5 milhões por semana. Com o orçamento já deficitário, o prefeito de Nova York,
Michael Bloomberg acabou de
colocar em marcha um plano de
cortes no funcionalismo municipal -só na polícia, por exemplo,
desapareceram 10% dos 40 mil
postos que havia em 2001.
Por causa da guerra, diz que
precisa de socorro do governo federal. "Primeiro vamos providenciar proteção. Como vamos achar
dinheiro é a parte difícil. [Mas]
não estamos determinando quanta segurança teremos pelo caixa
que temos. Estou otimista em relação a que Washington entenda a
importância de Nova York, que
eles virão nos ajudar."
Bloomberg, que esteve ontem
em Washington atrás de dinheiro,
tem também de equacionar um
problema político em relação aos
gastos por causa da guerra: a população nova-iorquina demonstra menos apoio à guerra do que a
média nacional. Pesquisa recente
indicou que só 19% das pessoas
aprovariam atacar sem aval da
ONU. Para 67%, a guerra aumenta o risco de ataques à cidade.
A cidade teme ainda o impacto
que o clima de guerra poderá ter
em sua economia, já mais deprimida que o restante dos EUA -o
desemprego em Nova York, por
exemplo, é de 8,6%, acima da média nacional, 5,7%.
"As pessoas vão viajar menos,
sair menos, isso afeta o turismo",
diz o professor Anthony Townsend, do Taub Urban Research
Centre, da New York University.
"Mas Nova York é muito afetada
pelo que acontece na Bolsa. Depende muito de lá. Se a guerra for
curta, a cidade vai reagir mais rápido", afirma.
Não por acaso, o governador do
Estado de Nova York, George Pataki, foi à TV pregar: "As pessoas
têm de continuar saindo de casa,
indo ao cinema, vivendo normalmente". No mesmo discurso, porém, o outro lado da moeda: pediu ajuda à população para avisar
sobre pessoas e atividades suspeitas por meio de um disque-denúncia.
"As pessoas não vão chegar a
paralisar suas atividades e deixar
de fazer coisas agora. [Mas] se
houver um novo ataque terrorista, vai ser muito difícil para os nova-iorquinos", diz Bruce Dohrenwend, chefe de pesquisa do departamento de psiquiatria social
da Universidade Columbia.
(ROBERTO DIAS)
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