São Paulo, sábado, 20 de março de 2004

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Powell visita país, exorta aliados a manter apoio e enfrenta protesto

Chris Helgren/Reuters
Jornalistas árabes protestam durante a entrevista de Powell em Bagdá pela morte de dois colegas


DA REDAÇÃO

Em visita surpresa ao Iraque para marcar o aniversário da guerra, que completa um ano hoje, o secretário de Estado dos EUA, Colin Powell, foi alvo de um protesto da imprensa árabe e exortou seus aliados militares a permanecer no país.
O secretário passou as sete horas da visita na protegida Zona Verde, que concentra instalações dos EUA em Bagdá, enquanto 7.000 iraquianos protestavam nas ruas da capital contra a ocupação.
Powell exortou os aliados americanos a manter suas tropas no Iraque, lembrando a promessa do recém-eleito premiê espanhol, José Luis Rodríguez Zapatero, de retirar seus 1.300 soldados do país, e a reação do presidente polonês, Aleksander Kwasniewski, que se disse enganado sobre a ameaça iraquiana. Ontem Kwasniewski voltou atrás após conversar com seu colega americano, George W. Bush, a quem prometeu continuar ajudando no Iraque "pelo tempo que for necessário".
"Não é hora de parar o que estamos fazendo e recuar. É hora de lidar com essa ameaça ao mundo civilizado e não correr e se esconder achando que ela não vai nos pegar, porque vai", disse Powell.
Outro aliado, a Coréia do Sul, anunciou que vai rever seu plano para enviar em abril mais 3.000 soldados a Kirkuk, no norte do Iraque, devido à segurança precária na região -já há 600 sul-coreanos no país. As tropas ainda devem ser destacadas, mas não se sabe quando nem para que base.
O principal comandante militar americano no Iraque, general Ricardo Sanchez, disse que os EUA podem ser obrigados a "compensar" uma eventual saída de aliados, sobretudo a espanhola. Sanchez não deu detalhes, mas disse que a campanha não corre risco. Os EUA têm hoje cerca de 130 mil soldados no Iraque, e planejavam reduzir o contingente para 108 mil neste trimestre.
Desde o início da guerra, o país perdeu 575 militares entre ataques e acidentes. A morte de mais dois marines, ocorrida na quarta-feira, foi anunciada ontem. Os dois foram mortos durante uma ação na província de Anbar, perto da fronteira com a Jordânia.
Powell previu que "dias difíceis virão". "Temos que mudar conforme o inimigo. Eles mudaram de alvo", afirmou, referindo-se ao fato de instalações civis pouco protegidas, como hotéis, terem se tornado mais visadas pela insurgência nos últimos dias.
Cerca de 30 jornalistas deixaram a sala onde o secretário concedia entrevista coletiva para se manifestar contra a morte de dois colegas por soldados americanos.
O cinegrafista Ali Abdelaziz, do canal Al Arabiya (de Dubai), havia morrido anteontem ao ter sua cabeça atingida por tiros disparados por soldados em um posto de controle em Bagdá. O correspondente Ali al Khatib, que estava no mesmo carro, foi ferido e morreu ontem em um hospital. Os militares atiraram quando um carro ao lado do veículo dos jornalistas acelerou em sua direção.
"Declaramos nossa repulsa a esse incidente que resultou na morte de dois jornalistas nas mãos das forças americanas", disse Najim al Rubaie, do jornal "Addustour".
Powell disse que lamentava as mortes, mas que tinha certeza de que os soldados não os tinham matado intencionalmente.

Com agências internacionais

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