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HISTÓRIA
Ferramenta de busca do museu israelense Yad Vashem permite achar dados buscando nome, sobrenome e local
Site ajuda a pesquisar vítimas do Holocausto
GUSTAVO CHACRA
DA REDAÇÃO
Sobrevivente de Auschwitz,
Aleksander Laks, 79, se emocionou ao descobrir na internet a história de toda a sua família -ele
perdeu a madrasta, a quem considerava sua mãe, numa câmara de
gás, e o pai, morto a pauladas pelos nazistas.
"De 40, 50, somente sobrou eu",
disse o presidente da Associação
Brasileira dos Israelitas Sobreviventes da Perseguição Nazista em
entrevista à Folha nesta semana.
Autor do livro "O Sobrevivente
-Memórias de Um Brasileiro
que Escapou de Auschwitz", Laks
pesquisou sobre sua família no site www.yadvashem.org, disponibilizado pelo Yad Vashem, o museu do Holocausto de Jerusalém,
desde novembro do ano passado.
A história de milhões de judeus
que foram vítimas do Holocausto
está disponível no site do museu,
permitindo que sobreviventes,
parentes de vítimas e estudiosos
pesquisem por nome ou local para saber o que aconteceu com cada uma das pessoas na "Shoah"
(Holocausto em hebraico).
O texto do site já indica a dimensão do trabalho, ao afirmar
que 6 milhões de judeus foram
mortos pelos nazistas e que a história de metade deles está disponível na internet. No entanto alguns dos nomes que aparecem
são de sobreviventes.
Antes, era necessário ir até o
museu, em Jerusalém, para fazer
uma pesquisa detalhada.
A família de Laks vivia no gueto
de Lodz (Polônia). Em 1944, os
nazistas os capturaram e os levaram para Auschwitz. A madrasta,
Bolcia, foi morta na câmara de
gás. Os nazistas mataram o pai,
Jacob, posteriormente, a pauladas. Laks sobreviveu com 28 kg
distribuídos em 1,69 m e veio viver no Brasil anos depois.
Com depoimentos gravados espalhados por museus em todo o
mundo, Laks afirma que o site é
muito importante para que as
pessoas pesquisem a história de
suas famílias e das vítimas do Holocausto. No seu caso, diz, há problemas de datas, mas ele acrescenta que irá atualizar o museu do
Holocausto em Jerusalém para
que sejam feitas as correções.
"Mas isso não diminui a importância da iniciativa", afirma.
Trabalho de pesquisa
Para escrever "Shach - As Lições
de um Sábio", Arnaldo Niskier,
membro da Academia Brasileira
de Letras, necessitou de cinco
anos de pesquisa, que teve início
após ter acesso a dados colhidos
por um primo na Tchecoslováquia, e prosseguiu com visitas a
uma biblioteca na Holanda e ao
museu em Jerusalém.
O escritor afirma que o site, sem
dúvida, o ajudaria nas pesquisas
sobre a sua família -Niskier conseguiu importantes informações
ao colocar sobrenomes no mecanismo de busca do Yad Vashem,
ressaltando que as pessoas precisam sempre se recordar do que
ocorreu. "É uma sensação de revolta permanente", disse à Folha.
Entre os parentes que aparecem
no site estão o seu pai e a sua mãe.
Personalização
Segundo o museu, a iniciativa
tem como um dos principais objetivos personalizar cada uma das
vítimas. Tanto que a página de entrada do mecanismo de busca cita
uma frase de uma carta de uma
vítima: "Eu gostaria que alguém
soubesse que um dia viveu uma
pessoa chamada David Berger".
Até agora, já foram feitas 3,2 milhões de pesquisas no site. Os nomes mais procurados são Yaacov
(110.632), Moshe (88.550), Rachel
(88.620), Chana (86.527) e Sara
(85.083). Entre os países, há
1.260.256 fichas de pessoas da Polônia, 225.284 fichas da Alemanha, 198.189 da antiga URSS,
163.628 da Romênia, 124.591 da
Tchecoslováquia e 100 mil da Holanda.
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