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Quarteto cobra recuo de Israel em Jerusalém
Grupo, que tenta mediar acordo no Oriente Médio, condena anúncio que abortou retomada de conversas com palestinos
Representantes de EUA, UE, ONU e Rússia apoiam plano de negociação indireta; para chanceler israelense, grupo "danifica perspectiva de paz"
Alexander Zemlianichenko/Associated Press
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Chanceler dos EUA, Hillary Clinton, conversa com enviado para o Oriente Médio,George Mitchell, em reunião do Quarteto em Moscou
DA REDAÇÃO
Os representantes do chamado Quarteto para o Oriente Médio (EUA, Rússia, ONU e União
Europeia) reiteraram ontem a
condenação à decisão israelense de autorizar uma nova leva
de construções em Jerusalém
Oriental, que abortou nesta semana uma esperada retomada
das conversas com os palestinos, emperradas há 15 meses.
Reunido em Moscou, o grupo
que tenta mediar um acordo de
paz na região cobrou o compromisso das partes com o plano
de negociações indiretas, sob
mediação dos EUA, que fora
acertado apenas dias antes da
eclosão da nova crise regional.
Em comunicado lido pelo secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, ao final do encontro, o
Quarteto condenou "ações unilaterais" e "provocações" e reforçou meta de que, depois da
retomada das negociações, o
Estado palestino seja viabilizado em um prazo de dois anos.
Inicialmente previstas para
começar nesta semana, as conversas "por aproximação", passo anterior às negociações diretas entre Israel e ANP (Autoridade Nacional Palestina), tiveram de ser abortadas após o governo israelense autorizar a
construção de 1.600 novos
apartamentos na porção oriental de Jerusalém.
Ocupada por Israel em 1967,
durante a Guerra dos Seis Dias,
a região é reivindicada como a
capital de um futuro Estado palestino. O governo israelense,
porém, rejeita dividir a cidade.
O anúncio, feito durante visita do vice-presidente dos EUA,
Joe Biden, a Israel, foi considerado um "insulto" pelo governo
americano e motivou princípio
de crise entre os históricos aliados, levando as relações bilaterais ao pior momento em anos.
Ontem, no entanto, a secretária de Estado dos EUA, Hillary Clinton, também presente
à reunião do Quarteto -a primeira desde junho do ano passado-, deu sinal de que o atrito
está superado ao qualificar de
"úteis e produtivas" as respostas dadas pelo premiê israelense, Binyamin Netanyahu, numa
conversa anteontem à noite.
O teor da conversa telefônica
não foi revelado, mas relatos
davam conta de "gestos" para o
aumento da confiança no diálogo e discrição em medidas ligadas a Jerusalém Oriental -forma de atender às cobranças internacionais e ao mesmo tempo não melindrar a linha dura
que sustenta o atual governo.
Amanhã, o enviado especial
dos EUA para o Oriente Médio,
George Mitchell -que cancelara ida a Israel na terça-feira-,
será recebido por Netanyahu.
Entre segunda e terça, o premiê estará nos EUA, onde se
reunirá com Hillary e, segundo
a TV americana Fox News, com
o presidente Barack Obama.
À agência de notícias Reuters
o representante especial do
Quarteto, o ex-premiê britânico Tony Blair, disse que "um
pacote de medidas" não reveladas destravará as negociações
regionais "nos próximos dias".
Participaram ainda do encontro em Moscou a chanceler
da UE, Catherine Ashton, que
na véspera estivera em Israel,
na Cisjordânia e na faixa de Gaza, e o chanceler russo, Serguei
Lavrov, que se disse "convencido de que o governo israelense
entendeu a mensagem dada".
Reações
As declarações do Quarteto,
porém, foram duramente criticadas pelo chanceler de Israel,
Avigdor Liberman, para quem
as cobranças do grupo "danificam as possibilidades de acordo e distanciam perspectivas
de paz no Oriente Médio". "A
paz não pode se impor de maneira artificial e com um calendário irreal", afirmou.
O presidente da ANP, Mahmoud Abbas, afirmou em nota
considerar "muito importante"
o comunicado. "Mas mais importante é que Israel corresponda para lançar a paz."
Com agências internacionais
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