São Paulo, domingo, 20 de março de 2011

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Ditador promete armar civis e resistir

Gaddafi qualifica ataques ocidentais de agressão "colonial" e promete abrir os depósitos de armas aos cidadãos

Partidários do líder da Líbia, há quatro décadas no poder, fazem escudo humano em complexo do governo em Trípoli

DAS AGÊNCIAS DE NOTÍCIAS

O ditador da Líbia, Muammar Gaddafi, afirmou ontem, momentos após o início das operações militares aliadas, que vai armar civis para defender o país do que qualificou de agressão "colonial".
"É necessário agora abrir os depósitos e fornecer às massas todos os tipos de armamento para defender a independência, a unidade e a honra da Líbia", afirmou, em comunicado da TV estatal.
"Convocamos o povo das nações islâmicas, a América Latina, a Ásia e a África a se colocar ao lado do heroico povo líbio para enfrentar essa agressão, que apenas aumentará a força, a firmeza e a unidade da população líbia."
Para Gaddafi, o Norte da África e o mar Mediterrâneo já são um palco de guerra.
A Líbia disse que 48 pessoas morreram nos ataques -número não confirmado- e relatou também ataques às cidades de Zuara, Misrata e Sirte, terra do ditador líbio.
A emissora também disse que um caça francês que sobrevoava Benghazi havia sido abatido por governistas. A França negou a informação.

CARTAS
Horas antes do começo dos ataques, Gaddafi enviou uma carta ao presidente dos EUA, Barack Obama, e outra para o francês Nicolas Sarkozy, o premiê britânico David Cameron e o secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon.
O ditador líbio tratou Obama por "meu filho" e escreveu que, mesmo que sofresse ataques dos EUA, continuaria "amando" o americano.
Já à noite, a Líbia pediu reunião de emergência no Conselho de Segurança da ONU, que aprovou ação no país. Além disso, anunciou o cancelamento de um acordo que mantinha com a Europa para deter migração ilegal.
Em Trípoli, uma multidão estimada em milhares de pessoas formou enorme escudo humano para proteger um complexo do governo fortificado de eventuais ataques aéreos das forças aliadas.
Após o início das ações, no leste da Líbia, partidários do ditador estouraram fogos de artifício e atiraram ao alto.
Jornalistas estrangeiros, que têm sido impedidos de trabalhar em Trípoli, foram convidados a visitar o local para ver o apoio ao líder.
O grande complexo de Bab al Aziziyah, que inclui instalações militares, foi alvo de um ataque dos EUA à Líbia em 1986 -quando Gaddafi era um pária internacional, antes de ser reabilitado pelo Ocidente nos últimos anos.
Após ser acossado pelos rebeldes a partir do leste do país, o ditador líbio há duas semanas retomou a dianteira do conflito e impunha recuos quase diários aos opositores até chegar às portas de Benghazi, onde havia prometido realizar uma ofensiva final.
Muammar Gaddafi, há 41 anos no poder, é o mais longevo mandatário da África.


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