São Paulo, terça-feira, 20 de abril de 2010

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Europa tenta retomar hoje até 45% dos voos

União Europeia reduz zonas onde espaço aéreo seguirá fechado, mas não faz previsão para normalização total da situação

Planos podem ser afetados por sinais de que atividade de vulcão islandês cuja erupção detonou caos aéreo voltou a aumentar no fim do dia


Johannes Eisele/Reuters
Aviões da empresa Lufthansa aparecem estacionados no aeroporto de Frankfurt, atingido pelo caos aéreo europeu

LUCIANA COELHO
DE GENEBRA

As autoridades europeias anunciaram ontem um plano para tentar pôr fim ao caos aéreo vivido pelo continente desde quinta-feira, em meio a acusações de que houve excesso de cautela na decisão de fechar os espaços aéreos de vários países por causa da erupção de um vulcão na Islândia e preocupações de que os efeitos financeiros negativos para as companhias aéreas se espalhem para o resto da economia.
A Comissão Europeia anunciou na tarde de ontem a criação de três zonas de voo, com o intuito de aumentar o número de voos que decolarão hoje para 45% do habitual -ontem esse índice foi de 30%. Essas zonas serão definidas com base na informação de satélites, institutos de meteorologia e voos-teste feitos pelas empresas aéreas no fim de semana.
Na zona 1, os voos seguiriam totalmente proibidos dada a alta concentração de cinzas vulcânicas no ar; na segunda, os voos seriam retomados gradativamente a partir das 8h de hoje (3h no Brasil) com base na análise meteorológica; na terceira, que compreende pontos mais periféricos como Espanha, Escócia e Romênia, os voos seriam liberados. Detalhes sobre cada área seriam divulgados nesta madrugada.
Os planos iniciais, no entanto, poderiam se alterar devido a sinais de que a atividade do vulcão Eyjafjallajokull tinha voltado a se elevar na noite de ontem, o que poderia provocar uma nova nuvem de fumaça que causaria a manutenção do fechamento pelo menos dos aeroportos de Londres, alguns dos mais importantes da malha aérea europeia.
O continente, até a noite de ontem, vivia um pesadelo logístico com 17 mil passageiros à deriva, passagens de trens esgotadas para destinos-chave e agências de aluguel de carros surpreendidas pela demanda.
"Não temos condição de garantir nenhuma previsão [de normalização total dos voos]", disse ontem em entrevista coletiva por webcast José Blanco Lopez, o ministro dos Transportes da Espanha, à frente da presidência rotativa da UE. Segundo Blanco, o bloco tenta coordenar esforços para levar as pessoas de volta para casa e reduzir o impacto do apagão.
A expectativa é que eles sejam mitigados com a retomada gradativa hoje. "É um alívio para os passageiros à deriva e a indústria", afirmou o comissário de Transportes da UE, Siim Kallas. "A Comissão Europeia está agindo para contemplar a segurança, questões econômicas e direitos dos passageiros."
As autoridades aéreas europeias entraram na linha de tiro das companhias, que as acusaram de exagerar o risco e proibir mais voos do que o necessário por conta de projeções feitas com um modelo teórico mais frágil do que o norte-americano -como admitiria o diretor-geral da UE para mobilidade e transporte.
"Já avançamos o suficiente nesta crise para expressar nossa insatisfação com a forma como os governos lidaram com ela: sem avaliação de risco, sem consultas, sem coordenação e sem liderança", disse Giovanni Bisignani, diretor-geral da Iata (associação mundial do setor).
"A economia europeia está perdendo bilhões de dólares." O espanhol Blanco rebateu que só anteontem surgiram dados suficientes para embasar decisões, e que até então a ordem era cautela. "A segurança vem em primeiro lugar, veio até agora e continuará vindo."
Sem poder viajar, centenas de milhares de europeus não trabalharam ontem. Alguns economistas aventaram o risco de desaceleração da incipiente retomada econômica após a crise global. Até ontem foram cancelados 82 mil voos, o que afetou 7 milhões de pessoas e interrompeu o fluxo de carga.

Leia especial sobre o caos aéreo na Europa

www.folha.com.br/101091



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