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IRAQUE OCUPADO
Militares dizem ter atacado esconderijo de combatentes estrangeiros; Bush promete plano de transição
EUA matam 40 em casamento, diz TV
DA REDAÇÃO
Um helicóptero militar americano disparou ontem contra uma
festa de casamento na região oeste
do Iraque e matou pelo menos 40
pessoas, segundo relatos de iraquianos. O comando americano
afirma que os mortos eram supostos combatentes estrangeiros
e que a ação era parte de uma operação perto da fronteira da Síria,
que os EUA acusam de ser leniente com militantes antiamericanos.
"Conduzimos uma operação
contra supostos combatentes estrangeiros em um esconderijo.
Levamos tiros e respondemos",
disse o general Mark Kimmitt,
porta-voz das forças americanas.
O ataque, segundo Kimmitt,
ocorreu a cerca de 25 km da fronteira e obedeceu às regras de combate. Passaportes sírios, equipamentos de comunicação por satélite e uma grande soma de dinheiro foram achados após o ataque.
Mas o vice-chefe de polícia de
Ramadi, a maior cidade da região,
afirmou que entre 42 e 45 pessoas
morreram, das quais 15 eram
crianças e dez, mulheres. Em
2002, militares dos EUA, por engano, mataram 48 civis em uma
festa de casamento numa ação
contra rebeldes no Afeganistão.
A rede de TV por satélite Al Arabiya exibiu testemunhas afirmando que aeronaves americanas
bombardearam a vila de Makr al
Deeb, perto da fronteira, onde
ocorria uma festa de casamento.
Imagens locais mostraram corpos
alinhados em uma estrada -inclusive de uma criança-, e homens abrindo covas.
Há alguns meses, ações contra
supostos combatentes estrangeiros eram comuns na região fronteiriça, sobretudo no auge dos
ataques contra os EUA no Triângulo Sunita, região que se estende
a norte e oeste de Bagdá.
O chefe do Comando Central
americano para o Oriente Médio,
general John Abizaid, disse no
Congresso dos EUA que prevê
uma escalada da violência após a
transferência de poder para os
iraquianos, prevista para 30 de junho. Diante de tal quadro, é possível que os EUA não só mantenham suas tropas, como já é previsto, como aumentem o contingente, hoje de 135 mil militares.
"Eu prevejo que a situação se
torne mais violenta após a soberania [iraquiana], porque não ficará
claro o que vai acontecer entre o
governo interino e as eleições. Por
isso, é possível que precisemos de
mais forças", disse.
Em outros incidentes ontem,
um civil britânico que trabalhava
na reconstrução foi morto a tiros
em Mossul (norte), e os confrontos entre as forças dos EUA e a milícia do clérigo radical xiita Moqtada al Sadr prosseguiram na região de Najaf (sul), com a morte
de mais oito militantes.
Três jornalistas franceses que
filmavam em Bagdá um programa para o Canal Plus foram detidos, vendados e algemados.
Segundo o canal, Michel Despratx, Mohamad Ballout e Stephane Rossi foram interrogados e
passaram cinco horas sob custódia antes de serem dispensados
com um pedido de desculpas e
um jantar.
Transição
A apenas 42 dias da transição, os
EUA não apresentaram ainda um
plano factível para o processo
nem determinaram como será o
novo governo -apenas divulgaram algumas propostas da ONU.
O presidente George W. Bush,
por meio de seu porta-voz, afirmou que deve apresentar uma estratégia em sue discurso oficial da
próxima semana, e que as principais figuras do governo -um
premiê, um presidente e dois vices- devem ser escolhidas dentro de 15 dias.
Os EUA estão sob pressão de
seus aliados por defenderem que
a soberania entregue aos iraquianos em 30 de junho seja "parcial"
-sem o controle das forças militares e sem o poder de criar de leis.
Já a receita do petróleo devem ser
administradas pelo governo interino iraquiano, mas este deve ser
auxiliado por cerca de 200 "especialistas americanos", segundo
disseram ontem autoridades dos
EUA que trabalham na transição.
Com agências internacionais
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