São Paulo, domingo, 20 de maio de 2007

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Ampliação diminuirá pobreza, diz Torrijos

Obra deve triplicar o faturamento do canal, que em 2006 somou US$ 1,3 bi

Presidente, que chega ao Brasil nesta quarta para visita de dois dias, vê seu país como base para as exportações brasileiras

DO ENVIADO AO PANAMÁ

O presidente panamenho, Martín Torrijos, 43, estará no Brasil a partir desta quarta à noite. A viagem de dois dias inclui encontros com empresários, em São Paulo e com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, em Brasília, além da visita a uma usina de álcool. Filho do general Omar Torrijos, que governou o país de 1968 a 1981 após um golpe militar, o atual presidente assumiu o cargo em setembro de 2004, ano em que foi eleito com 47% dos votos. Nesta entrevista à Folha, gravada após a visita a uma empobrecida área indígena, Torrijos falou sobre dois dos principais temas da visita, a ampliação do Canal do Panamá e etanol. (FABIANO MAISONNAVE)

 

FOLHA - Um dos objetivos de sua viagem é atrair empresas brasileiras para a ampliação do canal. Como?
MARTÍN TORRIJOS -
As empresas brasileiras já têm interesse no canal. É uma das maiores obras de infra-estrutura na região. Mas, além da ampliação, o Panamá oferece uma grande oportunidade como plataforma logística para as exportações brasileiras. Temos facilidades de zona livre, com distribuição de produtos da Ásia para a América Latina e vice-versa.

FOLHA - Por que hoje a presença brasileira é tão pequena tanto na utilização do canal (o país é o 18º) quanto na zona livre?
TORRIJOS -
Há um grupo de empresas menores que estão se fixando na zona livre [na cidade de Colón]. Uma das plataformas de exportação do Brasil é Miami, mas agora estão se fixando no Panamá. A zona livre de Miami está bem saturada. Com o canal ampliado, a capacidade de barcos maiores pode fazer com que algumas exportações de grãos brasileiras passem a utilizar o canal.

FOLHA - Qual será o impacto da ampliação do canal no país?
TORRIJOS -
Ela mais do que triplica o faturamento, o que permitirá um fluxo importante para obter um nível de desenvolvimento aceitável e qualidade de vida para todos os panamenhos. A ampliação dará oportunidades que o país nunca teve.

FOLHA - O governo brasileiro, por sua vez, quer envolver o Panamá na produção de etanol. Há interesse?
TORRIJOS -
Temos áreas com vocação para a cana-de-açúcar e para o biodiesel, por meio da palma, ainda inexploradas. O etanol é uma prioridade. A possibilidade de diversificar a dependência e aproveitar as oportunidades do setor agrícola é importante para o país.

FOLHA - Tratados bilaterais, como o que seu governo se empenha em firmar com os EUA, significam a inviabilidade da Alca a médio prazo?
TORRIJOS -
Por nossa posição geográfica e nossa economia, aspiramos a maior quantidade de mercados. Os acordos bilaterais talvez não sejam tão ambiciosos como um acordo regional das Américas, mas no fundo estão interconectando os países cada vez mais.

FOLHA - Os EUA soltarão este ano o ex-ditador Manuel Noriega (1983-89). O Panamá pedirá extradição?
TORRIJOS -
O Panamá já pediu sua extradição. Mais do que política, é um tema da Justiça, e é assim que tem de ser tratado.


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