São Paulo, domingo, 20 de junho de 2004

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IRAQUE OCUPADO

Segundo testemunhas e polícia, bombardeio matou civis; EUA afirmam ter atacado insurgentes ligados à Al Qaeda

Ataque americano mata 22 em Fallujah

DA REDAÇÃO

Um ataque aéreo dos EUA contra um suposto esconderijo de insurgentes próximos ao jordaniano Abu Mussab Zarqawi -que, segundo Washington, teria ligação com a rede terrorista Al Qaeda- matou ontem 22 civis iraquianos na cidade de Fallujah.
"Um ataque de um avião norte-americano destruiu uma casa e atingiu parcialmente outras três. Somente pedaços dos corpos sobraram", afirmou uma testemunha, enquanto uma equipe de socorro tentava encontrar sobreviventes sob os escombros de uma casa totalmente destruída.
"Ao menos 22 corpos chegaram ao cemitério. Havia crianças, jovens e mulheres", afirmou o coveiro Ahmed Hassan.
Segundo o general americano Mark Kimmitt, havia explosivos na residência, o que resultou em explosões de maior impacto. "Temos provas de que havia membros da rede de Zarqawi na casa."
O ataque deverá aumentar o descontentamento com a presença das tropas dos EUA no Iraque a menos de duas semanas da entrega do poder aos iraquianos.
Para líderes militares dos EUA, a pacificação de Fallujah, uma das cidades em que a insurgência iraquiana é mais ativa, é crucial para a estabilização do país.
Adel al Jubeir, assessor para relações exteriores do príncipe regente saudita, Abdullah, afirmou ontem ser incorreta a informação de que o corpo do engenheiro Paul Marshall Johnson Jr., decapitado anteontem por extremistas ligados à Al Qaeda, havia sido encontrado. "Estamos procurando o corpo." Jubeir acredita ele esteja em algum lugar ao norte de Riad.
Ontem foi libertado o operário libanês George Frando, que fora seqüestrado há poucos dias. Segundo o Ministério do Exterior do Líbano, ele passa bem.
No sul do Iraque, insurgentes realizaram um atentado e mataram um segurança português, quando técnicos restauravam um oleoduto. A polícia disse que a bomba, colocada no acostamento de uma estrada a sudoeste de Basra, também matou um policial iraquiano, um civil e um indiano.
Os insurgentes iraquianos, que lutam contra a ocupação do país, têm concentrado suas ações na indústria do petróleo, nas incipientes forças de segurança iraquianas e nas autoridades do país, buscando semear o caos antes da entrega do poder aos iraquianos.
Os EUA afirmaram que mais dois soldados americanos morreram, o que elevou para 614 o números de militares do país mortos em combate desde a invasão do Iraque, ocorrida no ano passado.
Segundo um porta-voz dos EUA, soldados americanos continuaram a combater insurgentes perto da cidade de Baquba pelo terceiro dia seguido.
Os EUA afirmam que combatentes fiéis ao ex-ditador Saddam Hussein e militantes islâmicos estrangeiros estão por trás da insurgência iraquiana. Washington e Londres esperam que a situação melhore após a entrega do poder.

Al Qaeda
Ao publicar um relatório em que diz não haver provas de colaboração entre o regime de Saddam e a Al Qaeda, de Bin Laden, a comissão que investiga o 11 de Setembro quis dizer que o Iraque não controlava as operações da rede terrorista, defendeu a assessora de Segurança Nacional da Casa Branca, Condoleezza Rice. "A comissão falou de controle operacional, o que nós nunca dissemos que existia", afirmou.
A Al Qaeda confirmou ontem a morte de um de seus líderes, Abdulaziz al Muqrin, e três outros militantes por forças sauditas, em Riad, na sexta-feira.


Com agências internacionais


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