São Paulo, domingo, 20 de junho de 2010

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Distante nas pesquisas, Mockus tenta prolongar a "maré verde"

DA ENVIADA A BOGOTÁ

Maior novidade política da Colômbia nos últimos oito anos, a "maré verde" que levou o filósofo e matemático Antanas Mockus (Partido Verde) a um improvável posto no segundo turno presidencial tem o objetivo hoje de ao menos manter a expressiva votação de 30 de maio passado para se firmar como força política para as eleições locais de 2011.
Mockus conseguiu 21,4% dos votos no primeiro turno -os outros dez pontos que lhe atribuíam as pesquisas acabaram migrando para o terceiro e o quarto colocados.
E, nas três semanas anteriores ao segundo turno, a campanha verde, que praticamente não aceitou doações de grande empresários e se moveu com a colaboração de voluntários que produziam jingles e cartazes, permaneceu no divã, analisando os erros de comunicação cometidos na primeira etapa.
O ex-prefeito de Bogotá que empreendeu pelo país uma cruzada pela ética e pelo fim "da cultura do atalho" -equivalente à do "jeitinho"- não conseguiu atrair apoios dos derrotados. O Partido Verde não fechou aliança nem mesmo com o esquerdista Polo Democrático, do senador Gustavo Petro.
Formalmente, o acordo foi barrado pelas divergências entre os grupos -o Polo rejeita, por exemplo, o pacto militar de Bogotá e Washington para instalar base militares no país-, mas analistas veem na distância um esforço para manter o movimento alheio a partidos tradicionais com vistas às eleições em Bogotá e Medellín ano que vem.
A sigla verde se ancora num grupo de ex-prefeitos exitosos, e a ideia é voltar a governar as cidades para ganhar musculatura política.

A PRAÇA E A TV
À diferença do discurso por vezes errático da campanha de maio, Mockus tentou forjar um discurso mais firme para enfrentar Juan Manuel Santos nos últimos debates.
Cobrou publicamente o favorito governista pela contratação do marqueteiro venezuelano J.J. Rendón, especialista em "rumorologia", e mencionou passagens controversas de Santos como a reunião com chefes paramilitares no fim dos anos 90.
Anteontem, o ex-ministro da Defesa não descartou que Rendón, a quem descreveu como um estrategista "com ideias claras", venha a participar de seu futuro governo.
Mas, nos duelos onde o governista era tido como presidente virtual pelos entrevistados e inquisidores, o filósofo não eliminou os deslizes.
No último embate, afirmou que não sabia detalhes sobre o foro privilegiado para investigação de parlamentares e foi interpelado pela entrevistadora: "Mas, doutor Mockus, como o senhor quer ser presidente e não sabe?"


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