São Paulo, quinta-feira, 20 de julho de 2006

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Para ajudar Israel, EUA vetam cessar-fogo

Washington dá mais sete dias para que israelenses destruam instalações do Hizbollah, afirmam jornais

DA REDAÇÃO

Os Estados Unidos continuarão a bloquear por mais uma semana qualquer resolução no Conselho de Segurança da ONU que exija o cessar-fogo imediato das hostilidades no Líbano. Com isso, o governo americano quer dar a Israel a oportunidade de, com o prosseguimento dos bombardeios, neutralizar ao máximo o poder de fogo do Hizbollah.
A informação foi publicada ontem pelo "New York Times" e pelo jornal britânico "The Guardian". Segundos os diários, o plano foi acertado em sigilo entre segunda e terça-feira por Washington e Jerusalém. Os israelenses procurariam destruir os mísseis do grupo islâmico para não se tornarem vulneráveis a futuros ataques.
O plano também explica a demora no embarque para a região da secretária de Estado Condoleezza Rice. Ela terá por missão negociar a instituição de uma zona tampão no sul do Líbano, talvez formada por forças internacionais.
Essa região, que avançaria cerca de 20 km na zona da fronteira, impediria que o Hizbollah mantivesse, a partir de bases terrestres, os atos de agressão militar contra Israel.
A Casa Branca negou que esteja protelando deliberadamente o cessar-fogo. Tony Snow, porta-voz de George W. Bush, disse que o governo americano tem se pronunciado pelo comedimento e procura uma saída diplomática para a crise.
O secretário-geral da ONU, Kofi Annan, lembrou ontem seu porta-voz, Farhan Hak, tem reiterado a "urgente necessidade" de uma cessação imediata das hostilidades.
O "New York Times" comenta que a estratégia americana e israelense comporta certos riscos, como o inconformismo dos aliados árabes dos Estados Unidos -sobretudo Egito e Jordânia, sensíveis aos apelos de cessar-fogo do premiê libanês.
O mais consistente indício de que Washington deu a Israel mais uma semana para prosseguir com os bombardeios transpareceu ontem pelo atrito entre americanos e franceses no Conselho de Segurança.
A França, desde a reunião do G8, em São Petersburgo, tem insistido num imediato cessar-fogo. Seu embaixador na ONU, Jean-Marc de la Sablière, fez circular na terça à noite projeto de resolução nesse sentido.
Mas ontem mesmo o embaixador americano John Bolton desqualificou a iniciativa francesa. "É difícil entender como algumas pessoas pedem que se aprove um cessar-fogo com uma organização terrorista como o Hizbollah", afirmou.
A seu ver, o Conselho de Segurança deveria procurar desarmar o grupo islâmico e dar condições para que o governo libanês tenha o controle sobre sua fronteira com Israel.
O "New York Times" comenta que Israel pediu a Bush para adiar por alguns dias a ida de Condoleezza Rice ao Oriente Médio. E também afirma que Washington não dará a Israel "um período ilimitado" para prosseguir nas operações.
O "Guardian" nota, por sua vez, que o primeiro-ministro britânico, Tony Blair, reage de acordo com o plano americano e israelense. Ele ajudou a impedir que o cessar-fogo constasse no comunicado final do G8 e esvaziou a reunião dos ministros do Exterior europeus, realizada em Bruxelas.
Blair declarou na terça que Israel não poderia interromper os bombardeios antes que lhe devolvessem os dois militares seqüestrados pelo Hizbollah. O premiê britânico disse ainda que talvez sejam necessários "muitos meses" para montar as forças internacionais que atuariam no sul do Líbano.
Israel estaria disposto a negociar uma fórmula de paz que incluísse a troca de prisioneiros, a presença do Exército libanês na zona hoje controlada pelo Hizbollah, e a chegada de forças internacionais para o monitoramento.
Por enquanto, de concreto, há o plano de Condoleezza Rice de viajar hoje, de Washington para Nova York, onde se avistará com Kofi Annan e com o chefe da diplomacia da União Européia, Javier Solana.


Com agências internacionais

Texto Anterior: Guerra no Oriente Médio: Tensão marca passagem para o lado sírio
Próximo Texto: Foguete do Hizbollah mata duas crianças árabes em Nazaré
Índice


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.