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Para ajudar Israel, EUA vetam cessar-fogo
Washington dá mais sete dias para que israelenses destruam instalações do Hizbollah, afirmam jornais
DA REDAÇÃO
Os Estados Unidos continuarão a bloquear por mais uma
semana qualquer resolução no
Conselho de Segurança da
ONU que exija o cessar-fogo
imediato das hostilidades no
Líbano. Com isso, o governo
americano quer dar a Israel a
oportunidade de, com o prosseguimento dos bombardeios,
neutralizar ao máximo o poder
de fogo do Hizbollah.
A informação foi publicada
ontem pelo "New York Times"
e pelo jornal britânico "The
Guardian". Segundos os diários, o plano foi acertado em sigilo entre segunda e terça-feira
por Washington e Jerusalém.
Os israelenses procurariam
destruir os mísseis do grupo islâmico para não se tornarem
vulneráveis a futuros ataques.
O plano também explica a demora no embarque para a região da secretária de Estado
Condoleezza Rice. Ela terá por
missão negociar a instituição
de uma zona tampão no sul do
Líbano, talvez formada por forças internacionais.
Essa região, que avançaria
cerca de 20 km na zona da fronteira, impediria que o Hizbollah mantivesse, a partir de bases terrestres, os atos de agressão militar contra Israel.
A Casa Branca negou que esteja protelando deliberadamente o cessar-fogo. Tony
Snow, porta-voz de George W.
Bush, disse que o governo americano tem se pronunciado pelo
comedimento e procura uma
saída diplomática para a crise.
O secretário-geral da ONU,
Kofi Annan, lembrou ontem
seu porta-voz, Farhan Hak,
tem reiterado a "urgente necessidade" de uma cessação imediata das hostilidades.
O "New York Times" comenta que a estratégia americana e
israelense comporta certos riscos, como o inconformismo dos
aliados árabes dos Estados Unidos -sobretudo Egito e Jordânia, sensíveis aos apelos de cessar-fogo do premiê libanês.
O mais consistente indício de
que Washington deu a Israel
mais uma semana para prosseguir com os bombardeios
transpareceu ontem pelo atrito
entre americanos e franceses
no Conselho de Segurança.
A França, desde a reunião do
G8, em São Petersburgo, tem
insistido num imediato cessar-fogo. Seu embaixador na ONU,
Jean-Marc de la Sablière, fez
circular na terça à noite projeto
de resolução nesse sentido.
Mas ontem mesmo o embaixador americano John Bolton
desqualificou a iniciativa francesa. "É difícil entender como
algumas pessoas pedem que se
aprove um cessar-fogo com
uma organização terrorista como o Hizbollah", afirmou.
A seu ver, o Conselho de Segurança deveria procurar desarmar o grupo islâmico e dar
condições para que o governo
libanês tenha o controle sobre
sua fronteira com Israel.
O "New York Times" comenta que Israel pediu a Bush para
adiar por alguns dias a ida de
Condoleezza Rice ao Oriente
Médio. E também afirma que
Washington não dará a Israel
"um período ilimitado" para
prosseguir nas operações.
O "Guardian" nota, por sua
vez, que o primeiro-ministro
britânico, Tony Blair, reage de
acordo com o plano americano
e israelense. Ele ajudou a impedir que o cessar-fogo constasse
no comunicado final do G8 e esvaziou a reunião dos ministros
do Exterior europeus, realizada
em Bruxelas.
Blair declarou na terça que
Israel não poderia interromper
os bombardeios antes que lhe
devolvessem os dois militares
seqüestrados pelo Hizbollah. O
premiê britânico disse ainda
que talvez sejam necessários
"muitos meses" para montar as
forças internacionais que atuariam no sul do Líbano.
Israel estaria disposto a negociar uma fórmula de paz que
incluísse a troca de prisioneiros, a presença do Exército libanês na zona hoje controlada
pelo Hizbollah, e a chegada de
forças internacionais para o
monitoramento.
Por enquanto, de concreto,
há o plano de Condoleezza Rice
de viajar hoje, de Washington
para Nova York, onde se avistará com Kofi Annan e com o chefe da diplomacia da União Européia, Javier Solana.
Com agências internacionais
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