São Paulo, terça-feira, 20 de agosto de 2002

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Para cardeal, a palavra do papa afeta a política

DO ENVIADO ESPECIAL

O papa João Paulo 2º compreende os poloneses, e sua mensagem "desperta a consciência humana". A afirmação é do cardeal polonês Franciszek Macharski, 75, arcebispo de Cracóvia desde 1978, quando Karol Josef Wojtyla, que liderava essa arquidiocese, se tornou papa.
Macharski -nomeado cardeal em 1979- ajudou o líder católico a celebrar algumas cerimônias religiosas nos últimos dias.
Leia a seguir os principais trechos da entrevista que o cardeal concedeu à Folha.(PDF)

Folha - Qual a análise que o sr. faz desta nona visita do papa a sua terra natal?
Franciszek Macharski -
Esta visita foi não apenas uma viagem ao passado, que marcou João Paulo 2º profundamente, mas também a oportunidade de ele recordar a todos que Deus é misericordioso. O papa ofereceu aos poloneses um encontro com a verdade, com a vida, por meio da misericórdia divina, que foi sua principal mensagem.

Folha - Em que medida as palavras do papa podem mudar a sociedade e a política de um país como a Polônia, em sua opinião?
Macharski -
A mensagem evangélica do papa também se reflete na vida social e política do país. Sua mensagem desperta a consciência humana. Particularmente os jovens ele considera seus interlocutores, encontrando neles a força da primavera. João Paulo 2º tem a capacidade de levá-los à reflexão.
Os católicos poloneses têm características bastante diferentes, e o papa sabe escutá-los e compreendê-los. O santo padre se propõe a conhecer cada ser humano, individualmente, e oferecer-lhe um encontro com a verdade.

Folha - Qual o papel de Karol Wojtyla na queda do Muro de Berlim e do comunismo?
Macharski -
Seu papel foi decisivo. As palavras do papa em prol da liberdade funcionaram como uma dinamite, mas posso assegurar que o papa não mandou colocar explosivos para fazer saltar o Muro, como insinuaram. O que ele pregava contra o regime comunista eram mudanças pacíficas. "Reconheça o mal, mas vença o mal com o bem" foi o que ele disse em 1983.

Folha - O papa manifestou seu apoio à adesão da Polônia à União Européia. Como deve acontecer essa nova etapa na história polonesa?
Macharski -
A União Européia deve promover a liberdade e o respeito aos direitos humanos. E, o mais importante, não deve ser formada como se Deus não existisse.


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