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França intensifica expulsão de ciganos
Com popularidade em baixa, governo Sarkozy tenta criar nova vitrine para sua política de segurança pública
Ministro do Interior
pretende desmantelar até 300 acampamentos em situação irregular num prazo de 3 meses
CÍNTIA CARDOSO
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA, DE PARIS
A França iniciou ontem a
primeira leva de repatriamento de ciganos de origem
estrangeira após o endurecimento da política contra imigração ilegal anunciada pelo
presidente Nicolas Sarkozy e
pelo ministro do Interior, Brice Hortefeux, em julho.
Ontem, 70 pessoas foram
enviadas para Bucareste. O
governo esperava o embarque de 93 pessoas no âmbito
do programa de saída voluntária. Além da passagem aérea, cada adulto recebeu
300, e cada menor, 100.
Hoje, um novo voo está
previsto, com 132 pessoas.
Até o final do mês, 700 ciganos romenos e búlgaros deverão retornar a seus países.
A prática de repatriamento
de estrangeiros em situação
ilegal é comum na França.
No ano passado, cerca de 10
mil ciganos deixaram o país.
A novidade dessa nova onda de expulsões é o caráter
político da manobra.
Com baixa popularidade
-a taxa de aprovação do governo é de 34%, segundo o
instituto CSA- , Sarkozy faz
do desmantelamento dos
acampamentos ciganos irregulares uma nova vitrine de
sua política de segurança.
Em 28 de julho, em Saint-Aignan, no centro da França,
a polícia matou um jovem
que vivia em um acampamento. O episódio gerou uma
escalada de violência entre
policiais e ciganos, e os responsáveis pela segurança no
país então subiram o tom.
"Há 20 anos existem expulsões de ciganos. Mas,
agora, o governo associa a
onda de violência e os ciganos", avalia Alexandre Le
Clève, porta-voz da associação de assistência a estrangeiros Hors la Rue.
"O governo francês achou
um bode expiatório para
atrair a atenção da mídia."
Em atividade em Bucareste desde 1996 e em Paris desde 2002, a organização
acompanha de perto a situação da comunidade cigana.
MEDO
O ministro Hortefeux defende o desmantelamento de
300 acampamentos de ciganos em situação irregular em
até três meses. Ontem, revelou que 78 já foram desativados. Entre eles, um grande
acampamento em Montreuil,
ao leste de Paris. Le Clève
acompanhou a expulsão.
"É uma situação de medo e
de terror, especialmente para
as crianças, que estão apavoradas. Muitas, ao verem a polícia chegando, vieram se refugiar no nosso centro."
Diante das blitze frequentes dos últimos dias, os ciganos tentam, ao máximo, fugir dos holofotes. "Eles não
querem falar com estranhos
porque têm medo. Além disso, sob a ameaça da chegada
da polícia, o ambiente nos
acampamentos é bastante
tenso", explicou Le Clève.
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