São Paulo, sexta-feira, 20 de agosto de 2010

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Atentado mata 7 em tensa região da China

Confrontos entre uigures e chineses han marcam Província de Xinjiang

Segundo versão oficial, uigur explodiu triciclo cheio de explosivos, deixando vítimas de diferentes etnias


FABIANO MAISONNAVE
DE PEQUIM

Um ataque a bomba na Província chinesa de Xinjiang matou sete pessoas e feriu outras 14, das quais quatro estão em estado grave.
Foi o episódio mais violento na região desde os conflitos entre muçulmanos da etnia uigur e chineses da etnia majoritária han há 13 meses, quando 197 morreram.
O atentado ocorreu em Aksu, cidade de 23 mil habitantes distante 650 km a sudoeste de Urumqi, a capital da Província. De acordo com a versão oficial, um uigur conduziu um triciclo carregado de explosivos até um grupo de pessoas. O autor do ataque sobreviveu e foi preso em seguida pela polícia.
Ainda segundo a versão oficial, as vítimas são de "diferentes minorias étnicas". No entanto, Dilxat Raxit, ativista uigur exilado na Alemanha, disse à agência de notícias Associated Press que o aparente alvo era uma unidade policial dedicada a vigiar os uigures.
Xinjiang corresponde a um sexto do território chinês e tem uma ampla fronteira com países da Ásia Central, incluindo o Afeganistão. De clima árido e altitude elevada, abriga uma população relativamente pequena, de cerca de 20 milhões.
O recente incentivo do governo central para que chineses han se mudassem para a Província acentuou as tensões étnicas numa região que historicamente teve movimentos pró-independência. Atualmente, 45% da população é uigur e 40%, han.
Para parte da população uigur, os han estão rapidamente dominando as principais atividades econômicas da região por meio de grandes investimentos estatais e forçam a hegemonia da língua mandarim sobre o uigur, idioma semelhante ao turco.

HISTÓRICO
Em julho de 2009, choques entre uigures e chineses han, em Urumqi, provocaram dezenas de mortes, a maioria han. Em resposta, o governo chinês reforçou o número de soldados e prendeu centenas de uigures.
Segundo a Anistia Internacional, mais de mil pessoas foram presas após os conflitos. No mês passado, o jornalista uigur Gheyret Niyaz foi condenado a 15 anos de prisão, sob a acusação de ameaça à "segurança do Estado".
Em entrevista ontem, antes do ataque, o governador de Xinjiang, Nur Bekri, disse que a luta contra separatistas será "longa, dura e muito complicada". "O separatismo em Xinjiang tem uma história muito longa, estava aí no passado, ainda está aqui e continuará no futuro."


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