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EUROPA
Em pleito regional, partido acusado de manter vínculos com neonazistas consegue participar do Parlamento após 36 anos
Ultradireita avança no leste da Alemanha
DA REDAÇÃO
A extrema direita obteve vitórias importantes ontem, em eleições legislativas regionais em dois
Estados que, até 1990, faziam parte da extinta Alemanha socialista.
Na outra ponta do espectro ideológico, a agremiação que sucedeu
o Partido Comunista da Alemanha Oriental também avançou.
No Estado da Saxônia, o Partido
Nacional Democrático (NPD),
acusado pelo governo de manter
laços com neonazistas, ultrapassou a barreira dos 5% -o que lhe
dá direito a ocupar cadeiras no
Parlamento local. É a primeira vez
que isso ocorre desde 1968.
O NPD conquistou cerca de 9%
dos votos na Saxônia, onde a taxa
de desemprego chega a 23%, contra uma média de 12% na região
da antiga Alemanha Ocidental.
Nas eleições de 1999, o NPD obteve pouco mais de 1% dos votos.
Em Brandemburgo, outra legenda de extrema direita, a Unidade do Povo Alemão (DVU), obteve votação acima de 6% e logrou
permanecer representada no Legislativo regional.
Nesses dois Estados do leste,
também avançou o Partido do Socialismo Democrático (PDS). Essa legenda foi a que sucedeu o
partido que dominava a República Democrática Alemã (socialista), extinta com a reunificação,
em 1990. O PDS conquistou
28,5% em Brandemburgo -Estado que envolve a capital, Berlim,
que tem status administrativo especial- e 22,5% na Saxônia.
A ascensão da extrema direita e
a consolidação do poder nos dois
Estados do leste dos herdeiros do
socialismo alemão oriental se deram à custa dos dois grandes partidos da Alemanha, o Social-Democrata (SPD), do chanceler Gerhard Schröder, e a União Democrata Cristã (CDU). O SPD continua o maior partido em Brandemburgo, e a CDU mantém o
domínio na Saxônia, mas ambos
cederam espaço aos dois extremos do espectro ideológico.
Tanto as duas legendas de extrema direita quanto o comunista
PDS que ganharam espaço no leste alemão ontem têm centralizado
os protestos contra o programa
de reformas do governo Schröder. Esse conjunto de propostas
governamentais, conhecido como Agenda 2010, pretende cortar
benefícios de bem-estar social,
como o seguro-desemprego, fornecidos pelo Estado alemão.
No ano passado, o governo da
Alemanha tentou proscrever o
NPD, acusando-o de estar vinculado a organizações neonazistas
que, desde a reunificação do país,
têm sido responsáveis pela perseguição e pela morte de imigrantes
estrangeiros. A tentativa do governo falhou porque a Justiça
considerou que as provas contra o
NPD haviam sido deturpadas pelo serviço de inteligência do país.
"É um grande dia para os alemães que ainda querem ser alemães", declarou Holger Apfel, o
principal candidato do NPD na
Saxônia. Axel é o mesmo que já
pregou a destruição de um memorial em Berlim alusivo ao Holocausto -o extermínio coletivo
de judeus e outras minorias pelo
governo nazista de Adolf Hitler.
O mote da campanha do ultradireitista NPD foi "Dinheiro alemão para os interesses alemães".
Sua plataforma inclui vigorosa
oposição à expansão da União
Européia, à imigração e aos cortes
sociais propostos por Schröder.
O chefe da comunidade judaica
alemã, Paul Spiegel, reagiu à ascensão do NPD: "Um partido que
faz propaganda anti-semita e xenófoba não pertence a nenhum
Parlamento." O líder social-democrata (governista) Franz Müntefering disse que o NPD "é um
desastre, ninguém deveria votar
nos neonazistas". O chefe da CDU
(democratas cristãos) na Saxônia,
Fritz Haehle, considerou a ascensão do NPD "humilhante".
Com agências internacionais e o "Independent"
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