|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
ALEMANHA VOTA
França faz pronunciamento comedido; Turquia, pretendente ao bloco, celebra o resultado de Merkel
Impasse provoca reações dúbias na Europa
DA REDAÇÃO
Enquanto os principais sócios
da Alemanha na União Européia
ainda preferem esperar um cenário mais claro para se pronunciarem sobre o resultado das eleições, países com menor força no
bloco e a Turquia, pretendente à
integração, tomaram partido no
dia seguinte ao pleito a respeito de
quem seria o candidato favorito
para ocupar a chancelaria.
A França, por meio de seu ministro das Relações Exteriores,
Phillipe Douste-Blazy, expressou
neutralidade em seu pronunciamento. "Qualquer que seja a coalizão formada a partir das negociações, a relação franco-alemã
ainda será o coração da UE." Segundo ele, a incerteza política na
Alemanha não significa que o poderio econômico da UE será desestabilizado. "Não é porque existem dúvidas hoje que nós vamos
dizer que a Alemanha e o resto da
Europa estão enfraquecendo."
Já o primeiro-ministro da Turquia, Tayyip Erdogan, disse que o
resultado aquém do esperado pela candidata da União Democrata
Cristã, Angela Merkel, provou
que a oposição dela à entrada dos
turcos no bloco europeu de forma
integral estava errada. "Francamente, esse resultado surpreendente (...) deveria levar os políticos a reconsiderarem suas posições", disse o premiê turco. Cerca
de 500 mil de 2,6 milhões de pessoas de origem turca têm direito a
voto na Alemanha.
Durante a campanha eleitoral,
Merkel afirmou que a Turquia deveria obter uma "parceria privilegiada", mas não a integração total
à União Européia. Erdogan declarou que o atual chanceler (premiê), Gerhard Schröder, fez uma
campanha "bem-sucedida" e disse que aguardava um "bom resultado" que ajudasse a entrada da
Turquia na UE.
A mídia turca foi mais direta. O
jornal "Aksam" afirmou na edição de ontem: "Não aconteceu como nós temíamos". O "Milliyet"
disse que "Merkel não se beneficiou de sua posição anti-Turquia", enquanto o "Radikal"
acrescentou que a CDU estava em
"estado de desilusão".
O presidente da Comissão Européia, o português José Manuel
Durão Barroso, expressou preocupação com a falta de um resultado claro no pleito alemão. O
bloco necessita de reformas para
impulsionar sua economia e vive
instabilidade política desde que a
França rejeitou a proposta de
Constituição em referendo nacional no último mês de maio.
O primeiro-ministro da Itália,
Silvio Berlusconi, não fez declaração oficial sobre o resultado. Mas
o jornal "Corriere della Sera" publicou reportagem afirmando que
Berlusconi -em desvantagem
nas pesquisas- teria ficado satisfeito com a "volta por cima" de
Schröder. A Itália terá eleições no
ano que vem.
Alguns países do Leste Europeu
e do mar Báltico, que torciam discretamente para uma vitória de
Angela Merkel, ficaram desapontados com o desempenho da candidata da CDU.
Países como Polônia, Lituânia,
Letônia e Estônia -membros da
União Européia a partir do ano
passado- tiveram uma relação
fria com Berlim durante o último
mandato de Schröder, que preferiu estreitar laços com a Rússia.
Os quatro países apoiaram a invasão americana do Iraque, posição
distinta do governo alemão durante o conflito.
Os EUA não se pronunciaram
oficialmente sobre o resultado das
eleições. Especialistas avaliam
que os americanos desejam um
governo liderado por Merkel, que
é favorável a uma maior aproximação com Washington.
Outros analistas dizem acreditar que a Alemanha estará focada
em assuntos domésticos nos próximos cinco ou dez anos e dará
menos atenção ao que ocorre no
cenário internacional.
Com agências internacionais
Texto Anterior: Análise: Polarização dificultará reformas Próximo Texto: Iraque sob tutela: US$ 1 bilhão some de Ministério da Defesa iraquiano Índice
|