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PERIGO NUCLEAR
País ainda quer reatores para produzir energia; promessa dos seis negociadores é investir e fornecer petróleo
Coréia do Norte troca a bomba por ajuda
DA REDAÇÃO
A Coréia do Norte se comprometeu ontem a abandonar suas
pesquisas para produzir a bomba
atômica, mas mais tarde condicionou a decisão ao recebimento
de reatores nucleares para a produção de energia.
Inicialmente a intenção foi vista
como um avanço, embora sem
grande otimismo, pelos países
que pressionavam a Coréia do
Norte. Os receios acabaram justificados hoje (noite de ontem no
Brasil), quando o governo norte-coreano ligou o desmantelamento do programa atômico à entrega
dos reatores de energia.
"Os EUA não deviam nem sonhar com o desmantelamento antes de nos dar os reatores", diz o
comunicado da Chancelaria.
Pelo acordo do dia anterior,
EUA, Coréia do Sul, Japão, Rússia
e China haviam se disposto a fornecer aos norte-coreanos petróleo e energia em troca do fim do
programa, além de investimentos
e incremento do comércio.
Washington e Tóquio também
haviam prometido normalizar
suas relações diplomáticas com o
regime comunista, que, por sua
vez, prometeu reintegrar o Tratado de Não-Proliferação Nuclear.
Assim, suas instalações voltariam
a ser inspecionadas pela AIEA (a
agência atômica ligada à ONU).
Avanço
Apesar da exigência de reatores
civis (para fim energético), esta é a
primeira vez dentro das novas negociações em seis partes que a Coréia do Norte concorda em encerrar seu programa nuclear bélico.
A intenção está em declaração
assinada em Pequim após dois
anos de pressão de seus interlocutores. No texto, os EUA Unidos se
comprometem a respeitar a integridade territorial norte-coreana,
o que afasta a hipótese de invasão
de um país incluído pela atual administração no "eixo do mal".
Em Washington, o presidente
George W. Bush reagiu de modo
cuidadoso. Qualificou a decisão
da Coréia do Norte de "um passo
positivo", mas foi prudente. "Precisamos agora verificar o que será
feito concretamente."
Bush disse ser importante que
os norte-coreanos "compreendam que não estamos brincando
quando dizemos esperar que as
inspeções [das instalações nucleares] devem ser retomadas".
O governo americano desconfia
historicamente das boas intenções norte-coreanas. Em 1992, o
país já havia se comprometido a
abandonar seu programa nuclear,
mas o prosseguiu e em seguida
rompeu as negociações. Chegou a
anunciar que já havia construído
uma bomba atômica.
Dez anos depois, os EUA declararam ter evidências de que a Coréia do Norte tinha um programa
de enriquecimento de urânio. Os
norte-coreanos responderam que
possuíam o direito de se proteger
contra as ameaças americanas.
Em dezembro de 2002, a Coréia
do Norte anunciou que recolocaria em funcionamento o reator de
Yongbyon e em seguida expulsou
os inspetores da AIEA.
As negociações de Pequim começaram em agosto de 2003. Na
época, o regime ameaçava testar
sua primeira ogiva nuclear e dizia
ter mísseis para transportá-la.
O chefe da delegação chinesa
nas negociações de Pequim, Wu
Dawei, disse que a declaração de
ontem "foi a mais importante etapa desses últimos dois anos".
Com agências internacionais
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