São Paulo, terça-feira, 20 de setembro de 2005

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ANÁLISE

A parte mais delicada está ainda por começar

BRIAN RHOADS
DA REUTERS, EM PEQUIM

Foram precisos mais de dois anos e quatro rodadas de conversações para conseguir que a Coréia do Norte finalmente concordasse em abandonar todos os seus programas nucleares.
Mas convencer Pyongyang, sempre imprevisível, será outra coisa bem diferente.
O acordo conseguido à custa de tanto trabalho marca um divisor de águas na crise, que já se arrasta há três anos: é a primeira vez que Estados Unidos, as Coréias do Norte e do Sul, Rússia, Japão e a China conseguiram chegar a um comunicado conjunto.
Isso evita o colapso das negociações e a possível escalada da crise, que a poderia ter levado até o Conselho de Segurança da ONU, onde os EUA poderiam ter encabeçado um movimento em favor da imposição de sanções à Coréia do Norte, o que Pyongyang avisou que seria recebido como declaração de guerra.
"Uma situação extremamente tensa foi evitada", disse Masao Okonogi, especialista na Coréia na Universidade Keio, de Tóquio. Mas para ele "o comunicado consiste apenas em metas e princípios. É apenas a primeira metade da batalha. Para chegar a sua implementação, será preciso passar por outro conjunto de negociações igualmente difíceis".
O negociador chefe dos EUA, Christopher Hill, reconheceu que o comunicado propriamente dito não resolveu a crise, mas representa um passo crítico em direção a sua eventual resolução.
O comunicado conjunto não resolveu a questão do que vem primeiro: se a Coréia do Norte receberá assistência energética e garantias de segurança antes ou depois de desmontar seus programas nucleares. Pyongyang quer as concessões primeiro; Washington quer que os programas nucleares sejam desmantelados antes da torneira da ajuda.
Também continua sem solução a reivindicação norte-coreana de um reator nuclear de água leve, um tema que as partes envolvidas concordaram apenas em discutir.


Tradução de Clara Allain

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