|
Texto Anterior | Índice
ANÁLISE
A parte mais delicada está ainda por começar
BRIAN RHOADS
DA REUTERS, EM PEQUIM
Foram precisos mais de dois
anos e quatro rodadas de conversações para conseguir que a Coréia do Norte finalmente concordasse em abandonar todos os
seus programas nucleares.
Mas convencer Pyongyang,
sempre imprevisível, será outra
coisa bem diferente.
O acordo conseguido à custa de
tanto trabalho marca um divisor
de águas na crise, que já se arrasta
há três anos: é a primeira vez que
Estados Unidos, as Coréias do
Norte e do Sul, Rússia, Japão e a
China conseguiram chegar a um
comunicado conjunto.
Isso evita o colapso das negociações e a possível escalada da crise,
que a poderia ter levado até o
Conselho de Segurança da ONU,
onde os EUA poderiam ter encabeçado um movimento em favor
da imposição de sanções à Coréia
do Norte, o que Pyongyang avisou que seria recebido como declaração de guerra.
"Uma situação extremamente
tensa foi evitada", disse Masao
Okonogi, especialista na Coréia
na Universidade Keio, de Tóquio.
Mas para ele "o comunicado consiste apenas em metas e princípios. É apenas a primeira metade
da batalha. Para chegar a sua implementação, será preciso passar
por outro conjunto de negociações igualmente difíceis".
O negociador chefe dos EUA,
Christopher Hill, reconheceu que
o comunicado propriamente dito
não resolveu a crise, mas representa um passo crítico em direção
a sua eventual resolução.
O comunicado conjunto não resolveu a questão do que vem primeiro: se a Coréia do Norte receberá assistência energética e garantias de segurança antes ou depois de desmontar seus programas nucleares. Pyongyang quer
as concessões primeiro; Washington quer que os programas
nucleares sejam desmantelados
antes da torneira da ajuda.
Também continua sem solução
a reivindicação norte-coreana de
um reator nuclear de água leve,
um tema que as partes envolvidas
concordaram apenas em discutir.
Tradução de Clara Allain
Texto Anterior: EUA e europeus ameaçam votar sanções ao Irã Índice
|