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Missão pode gerar neocolonialismo, diz especialista
DE SÃO PAULO
A proliferação das missões
de paz das Nações Unidas
protagonizadas por países
em desenvolvimento pode
dar origem a situações de
neocolonialismo, na opinião
do professor Matias Spektor,
coordenador do Centro de
Estudos sobre Relações Internacionais da FGV-Rio.
Porém, segundo ele, isso
não significa que as missões
não devam ser realizadas.
Nos últimos nove anos, o
número de tropas internacionais em missões de paz subiu
de 47 mil para os atuais 100
mil, divididas em 16 missões.
Segundo ele, as missões
de hoje são diferentes daquelas realizadas na década de
90 na medida em que a ONU
exerce cada vez mais poder
sobre as nações onde realiza
suas operações.
"Há especialistas que acreditam que a missão do Timor
Leste, na qual o [brasileiro]
Sérgio Vieira de Mello [1948-2003] exerceu o cargo de administrador de transição, era
uma forma de neoprotetorado, em que a autoridade política estabelecida pela ONU
terminava determinando a
maneira de governar a vida
de um país", explica.
Segundo Spektor, esse risco inerente das missões de
paz está presente também no
caso do Haiti.
"Mas isso não quer dizer
que não se deva fazer essas
intervenções, só é preciso ficar atento para que elas não
escondam novas formas de
colonialismo", diz.
LÍBANO
O Brasil participa de missões de paz das Nações Unidas desde 1947 e já esteve em
Suez, Angola, Moçambique,
República Dominicana e em
países do Oriente Médio, entre outros lugares do mundo.
Os planos futuros do governo brasileiro envolviam
uma retirada gradual de tropas do Haiti a partir do ano
que vem e negociações para
o envio de militares para a
Unifil, a missão de paz no Líbano -devido ao foco da política externa brasileira no
Oriente Médio.
Porém, com o terremoto de
12 de janeiro, que devastou o
país, o compromisso de presença das tropas brasileiras
no Haiti deve ser estendido.
O novo prazo para a saída
do Haiti ainda não está definido, mas, segundo diplomatas brasileiros envolvidos
com o assunto, as negociações para a ida ao Líbano não
foram paralisadas.
(LK)
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