São Paulo, terça-feira, 20 de setembro de 2011

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Obama propõe cortes e desafia oposição

Presidente pede enxugamento de US$ 4,4 tri do deficit, mas diz que vetará plano que exclua impostos para ricos

Democrata também pede que seja elevada a alíquota de quem recebe valor superior a US$ 1 milhão por ano


Larry Downing/Reuters
O presidente dos EUA, Barack Obama, durante lançamento de plano na Casa Branca

LUCIANA COELHO
DE WASHINGTON

Cortes de gastos de guerra e uma reforma tributária que visa equalizar as alíquotas da classe média e dos mais ricos são a base da proposta do presidente Barack Obama para enxugar US$ 4,4 trilhões do deficit americano, apresentada ontem após semanas de embate político.
Criticado em sua base por ceder demais à oposição, Obama marcou posição pela primeira vez no atual impasse: não vai subir impostos, mas vai aumentar a arrecadação com o fim de isenções e deduções especiais para quem tem renda maior.
"Isso não é guerra de classes. É matemática", disse ele na Casa Branca, rebatendo a acusação da oposição no impasse ante a necessidade de frear o deficit público.
O plano, equivalente a duas vezes o PIB do Brasil, foi encaminhado à comissão do Congresso que apresentará um pacote de ajustes fiscais em novembro.
Do total do pacote, US$ 1,2 trilhão vem de cortes aprovados no mês passado. Outro US$ 1,1 trilhão deverá deixar de ser gasto com o fim das guerras do Afeganistão e do Iraque, estima Obama.
O presidente ainda embutiu o custo de US$ 447 bilhões de seu plano de criação de empregos, anunciado na semana passada. Na ocasião, ele prometera que os gastos seriam compensados por cortes propostos hoje.
Segundo a Casa Branca, a proposta, se aprovada, reduziria o deficit para 2,3% do PIB em dez anos (a projeção atual é que em 2021 ele chegue a 5,5% do PIB). Em 2017, os gastos do governo deixariam de inflar a dívida.
"Na última década, gastos perdulários em Washington, cortes de impostos para multimilionários, o custo de duas guerras e uma recessão converteram um superávit recorde em um deficit crescente", disse o presidente. "Se não agirmos, esse fardo vai cair sobre os ombros de nossos filhos", continuou Obama.
Os impostos são o ponto central da proposta e o prenúncio de um novo impasse.

REGRA BUFFETT
A oposição se aferrou à bandeira dos incentivos tributários e se recusa a debater a suspensão dos cortes oferecidos por George W. Bush em 2001 a quem ganha mais de US$ 250 mil ao ano.
Obama, desta vez, não só insistiu no fim da isenção como propôs elevar a alíquota para quem ganha mais de US$ 1 milhão ao ano, no que apelidou de "Regra Buffett", em homenagem ao bilionário investidor Warren Buffett.
Em agosto, Buffett escreveu um artigo em que dizia pagar uma alíquota menor do que a de sua secretária e propunha pagar mais.
A ideia, vazada no fim de semana, foi tratada pela oposição republicana como uma tentativa do presidente de acirrar a "guerra de classes".
Ontem, porém, o democrata bateu o pé e disse que vetará qualquer medida que mexa nos benefícios da assistência pública de saúde aos idosos (Medicare) -ponto-chave para os republicanos- sem contrapartida nas alíquotas de impostos.


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