São Paulo, terça-feira, 20 de setembro de 2011 |
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice | Comunicar Erros
ANÁLISE POLÍTICA AMERICANA Presidente abandona a linha "paz e amor" Em plano de corte de deficit, líder não faz concessões a republicanos e joga para o seu eleitorado de esquerda PATRÍCIA CAMPOS MELLO DE SÃO PAULO Chega de ser bonzinho e bipartidário. O presidente Barack Obama desistiu de ganhar pontos sendo conciliador e tentando chegar a soluções conjuntas com os republicanos. Seu plano de redução do deficit, anunciado ontem, não inclui nenhum gesto para apaziguar os republicanos -faz cortes apenas cosméticos nos programas de saúde públicos Medicare e Medicaid, propõe elevação de impostos de cerca de US$ 1,5 trilhão e corta os gastos militares em mais de US$ 1 trilhão. Para completar, Obama ameaçou vetar qualquer programa de redução de deficit que exclua elevação de impostos, mantra dos republicanos. Como comparou o articulista Dana Milbank, "finalmente Obama não começou um jogo de strip poker só usando cueca". Obama vinha migrando para o centro, na tentativa de conquistar os republicanos com uma série de concessões e, de quebra, sair com a imagem de líder sensato. A abordagem não funcionou. Em vez de parecer bipartidário e colar nos republicanos a pecha de intransigentes quando eles bloqueavam medidas, ele acabou ficando com a imagem de fraco e ineficiente. FALTA DE LIDERANÇA Na negociação para elevação do teto da dívida americana, Obama fez várias concessões aos republicanos, o que muito irritou a base democrata, e nem assim conseguiu acordo palatável. Um livro a ser publicado hoje nos EUA, "Homens de Confiança", de Ron Suskind, colabora para a imagem -retrata um Obama que tenta o tempo todo chegar a um consenso e peca por falta de liderança. Portanto, acabou o Obama paz e amor. Bem-vindo Obama populista e belicoso. O estilo foi inaugurado duas semanas atrás, no lançamento do Plano de Empregos, e lapidado ontem. "É errado que nos EUA um professor ganhando US$ 50 mil por ano tenha de pagar impostos maiores do que alguém que recebe US$ 50 milhões", disse Obama. A abordagem não garante que a oposição vá aprovar o plano -vários legisladores republicanos, aliás, disseram que vão vetar. Mas Obama deixou os republicanos na posição eleitoralmente incômoda de defender baixos impostos para milionários -mesmo quando os próprios bilionários, como Warren Buffet que batizou a regra, topam pagar mais tributos para reduzir o deficit. Se as concessões não funcionaram, talvez a pressão do eleitorado surta efeito. Texto Anterior: Obama propõe cortes e desafia oposição Próximo Texto: Clóvis Rossi: Israel tem que sair de Masada Índice | Comunicar Erros |
Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress. |