Fontes do Pentágono e redes de TV dizem que soldados americanos executam ofensiva em solo

DA REDAÇÃO

A ofensiva norte-americana no Afeganistão entrou em nova etapa: forças dos EUA realizaram o primeiro ataque terrestre a posições do Taleban, a milícia que controla o país. A informação do ataque foi divulgada por um funcionário do Pentágono que pediu anonimato; até a conclusão desta edição, o Departamento de Defesa norte-americano não havia confirmado o ataque.
Segundo as redes de TV NBC e CBS, a ação, iniciada na noite de ontem, envolveu cerca de 200 soldados de tropas de elite. Helicópteros armados e tripulados deixaram o porta-aviões Kitty Hawk, no mar da Arábia, para participar da operação, executada no sul do Afeganistão, afirmou a NBC.
A presença de norte-americanos no Afeganistão já havia sido confirmada ao longo do dia de ontem, com a notícia de que um pequeno número de forças especiais entrara no sul do Afeganistão para fazer contato com grupos tribais opositores do Taleban, a milícia extremista que controla o país. Além disso, segundo informou o ""Washington Post", essas tropas estariam estimulando líderes ligados ao Taleban a desertar.
Segundo os oficiais de defesa, o número de soldados usados nesta nova guerra será muito inferior aos dezenas de milhares de homens que entraram em ação durante a Guerra do Golfo, em 1991. Os EUA possuem 45 mil tropas em suas forças especiais, que incluem os boinas verdes dos Exército, homens treinados para missões clandestinas de combate que vão de sequestro a sabotagem.

Com a Aliança do Norte
A presença de soldados norte-americanos também foi notada no norte do Afeganistão. Um comandante da Aliança do Norte, o principal grupo de oposição ao Taleban, disse que oito homens do Exército dos EUA chegaram à região e passaram a acompanhar o general Abdul Rashid Dostum.
Segundo Ustad Attah Mohammad, um dos principais líderes da Aliança, Dostum e os norte-americanos "realizam missões de reconhecimento e inteligência".

"Boa coordenação"
O secretário da Defesa, Donald Rumsfeld, que não quis confirmar a entrada norte-americana no Afeganistão, disse que os EUA têm mantido contato com as forças anti-Taleban em solo para obter informações para ataques aéreos. "Há uma boa coordenação entre ar e terra em alguns lugares, principalmente no norte."
A presença de norte-americanos em missões de inteligência no Afeganistão faz parte de plano da CIA para fortalecer outros grupos de oposição ao Taleban, além da Aliança do Norte.
Segundos oficiais dos EUA, o departamento de inteligência norte-americano tem dúvidas se a Aliança do Norte seria capaz de se manter no poder após a queda do Taleban. O principal grupo rebelde é formado por integrantes das etnias uzbeque e tadjique, que são minoria no Afeganistão -um governo da Aliança dificilmente seria aceito pelos pashtuns, o grupo étnico predominante no país, e do qual faz parte o Taleban.
Segundo o ""Washington Post", líderes pashtuns hoje ligados aos extremistas estão sendo ""convidados" a mudar de lado.
Ontem, 13º dia dos ataques anglo-americanos ao Afeganistão, Cabul e Candahar foram atingidas -diferentemente da semana passada, os EUA não respeitaram a sexta-feira, dia considerado sagrado para os muçulmanos.