São Paulo, sábado, 20 de outubro de 2001

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ESTRATÉGIA

Forças especiais precisam localizar objetivos, passar informações e atacar, se for possível

Missão é definir onde está o alvo

RICARDO BONALUME NETO
DA REPORTAGEM LOCAL

As primeiras operações de tropas terrestres anglo-americanas no Afeganistão envolvem grupos pequenos de soldados ultratreinados, cada grupo com menos de uma dúzia de homens, provalmente apenas quatro.
Seu objetivo é parecido com o dos satélites e aviões espiões: descobrir onde estão os alvos. Missões de forças especiais americanas anteriores falharam por falta do chamado "reconhecimento" adequado. E só um homem no terreno consegue fazer isso melhor que uma máquina.
Em seguida, dependendo do que foi descoberto, podem ser feitos ataques aéreos ou mesmo incursões com maior número de tropas. O terrorista Osama bin Laden ou o líder da milícia Taleban, o mulá Muhammad Omar, provavelmente tem dezenas, centenas de partidários protegendo-os. Maior poder de fogo será necessário.
No último dia 5 foi lançado em órbita da Terra um satélite de 16,3 toneladas parecido com o telescópio espacial Hubble. Não se sabe sua designação correta; alguns especialistas o batizam de KH-12, outros falam de um KH-11 aperfeiçoado. Incluindo o lançamento, seu custo é da ordem de US$ 1,4 bilhão.
Seja qual for o nome, ele tem condições de fazer imagens na quais objetos de até 10 centímetros podem ser identificados. Seus sensores térmicos permitem fazer imagens de noite e saber, por exemplo, se um automóvel está com o motor ligado ou desligado.
Essas imagens podem ser feitas de cinco em cinco segundos. Mas cada uma leva cerca de cinco minutos para ser retransmitida por outros satélites até a base em terra e ser visualizada por um técnico em imageamento. Aviões não-tripulados como o Predator fazem e transmitem imagens em tempo até mais curto.
Os soldados das forças especiais têm outro ângulo de observação. Precisam ficar invisíveis no terreno mas ao mesmo tempo capazes de observar e transmitir dados.
Todas forças armadas têm graduações internas de níveis de competência de seus integrantes. Existem os soldados comuns e as chamadas tropas "de elite". E mesmo nessa elite existem equipes ainda mais bem treinadas e capazes.
Os soldados das divisões de infantaria comuns estão fora do teatro de operações -a Ásia Central. No Uzbequistão estão soldados de uma unidade de infantaria de elite, a 10ª Divisão de Montanha.
Um grau acima ficam as unidades de rangers, também de infantaria leve -isto é, sem armas pesadas como grandes tanques e canhões. Os rangers poderiam participar de missões, mas não na fase atual. Se fosse descoberto o QG de Bin Laden, algumas dezenas ou centenas de rangers poderiam ser a principal força atacante.
Os rangers usam boinas negras. Outras forças especiais do Exército são chamadas de boinas verdes por usarem as tais.
E, mais um grau de elite acima dos rangers e dos boinas verdes, fica a misteriosa Força Delta, a elite da elite, equivalente americana do SAS (Serviço Aéreo Especial) britânico.
Dentro do culto da macheza típico das forças especiais em todo o mundo, a Força Delta tem um status especial. Apenas 10% dos voluntários são aceitos -e esses voluntários em geral já são militares com treinamento típico dos rangers ou boinas verdes.
Ao contrário dos outros militares, seus integrantes têm uma disciplina mais relaxada. Podem -até devem- usar cabelos compridos e barbas caso precisem passar por civis.
Para enviar essas tropas em combate ou em missões sigilosas existem unidades de aviões e helicópteros especiais, como o 160º Regimento de Aviação de Operações Especiais, dotado de helicópteros como o Black Hawk e o Little Bird, alguns dos quais capazes de vôo ultra-silencioso.


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