São Paulo, sábado, 20 de outubro de 2001

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Mídia critica FBI por silêncio sobre suspeitos presos

DA REDAÇÃO

O silêncio sobre a detenção de cerca de 800 pessoas pelo FBI como parte das investigações sobre os ataques de 11 de setembro nos EUA começa a despertar críticas de grupos de defesa das liberdades civis e da mídia americana.
Em editorial publicado ontem, o jornal "The New York Times" questiona a necessidade de o Departamento de Justiça omitir "fatos básicos" sobre sua política, tais como: base legal para as detenções; o número de pessoas detidas como "testemunhas materiais"; o período pelo qual o governo pretende mantê-las presas; e o número de pessoas que dispõem de representação legal.
O diário cita reportagens publicadas no último dia 15 nos jornais "Los Angeles Times" e "The Washington Post" que mencionam alegações de "tratamento abusivo" por vários detidos -incluindo a proibição de terem contato com advogados e com sua própria família- e pede ao governo que revele "rapidamente" informações sobre as detenções.
"O secretário da Justiça, John Ashcroft, insiste em dizer que as ações do governo são "consistentes com o modelo da lei". Mas a avareza de seu departamento ao compartilhar informações não é reconfortante", afirma o jornal.
"Se, de fato, o governo está tratando seus detentos de forma justa, por que não ser mais aberto? A divulgação dos fatos rapidamente ajudaria a descartar as preocupações relativas ao tratamento injusto [dos detentos". Também encorajaria indivíduos com informações relevantes a se apresentarem e, assim, obter avanços na direção dos objetivos investigativos do departamento."
A ACLU (American Civil Liberties Union) enviou na última quarta-feira uma carta a Ashcroft expressando sua "preocupação" com a falta de informações fornecidas pelo governo sobre as detenções. "A ACLU reconhece que alguns aspectos dessa importante investigação são necessária e apropriadamente confidenciais. Contudo, em nossa opinião, isso não inclui fatos tão básicos quanto o número de pessoas presas, a base sobre a qual elas permanecem detidas e a amplitude de quaisquer ordens de sigilo que tenham sido emitidas", diz a carta, publicada no site da organização na internet (www.aclu.org).
O "The Washington Post" também publicou editorial nesta semana pedindo ao governo que divulgue "informações suficientes" para provar que está agindo dentro dos limites da Constituição. Segundo o diário, um "alto funcionário do Executivo" disse que "o governo, se não estivesse violando as liberdades civis, estava pelo menos "forçando a barra" do comportamento aceitável".



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