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AFEGANISTÃO
Regime afirma estar em condições de enfrentar ataques, porém propõe cessar-fogo
Taleban desafia EUA, mas faz proposta
DA REDAÇÃO
O Taleban, regime extremista
islâmico que controla a maior
parte do Afeganistão, está tentando se mostrar forte e sem medo
dos ataques dos Estados Unidos.
Segundo o embaixador do regime
em Islamabad (Paquistão), Abdul
Salam Zaeef, a situação no país é
normal e a estrutura militar continua em boas condições, apesar
das quase duas semanas de bombardeios anglo-americanos.
Ao mesmo tempo, por meio do
próprio embaixador, o regime está intensificando suas movimentações diplomáticas para evitar
uma iminente queda nas próximas semanas, propondo um plano de cessar-fogo.
Após manter encontros com as
lideranças do Taleban nesta semana em Candahar [cidade afegã
considerada o quartel-general do
regime no Afeganistão", Zaeef
afirmou que todas as lideranças
do Taleban e o saudita Osama bin
Laden, acusado pelos norte-americanos de envolvimento nos
atentados contra os EUA, não teriam sido atingidos pelos ataques.
De acordo com Zaeef, a maior
parte dos alvos norte-americanos
são civis. Mais de 900 teriam morrido nos ataques, segundo o embaixador, número que não foi
confirmado de forma independente e pode ser parte de guerra
de propaganda.
"A capacidade militar do país
sofreu alguns danos, mas o regime ainda tem condições de lutar",
segundo Zaeef. "Caso passemos a
nos confrontar no solo, aí sim veremos o que vai acontecer", disse
ele, numa alusão à dificuldade
que os EUA poderão enfrentar
em combates terrestres.
Segundo o diplomata, não estão
ocorrendo deserções dentro do
regime. Tampouco há redução do
apoio popular. "Isso é uma mentira. É parte da propaganda contra o Afeganistão. Não há divergências na comunidade islâmica
afegã. Todos continuam seguindo
as ordens do mulá Mohamad
Omar [líder do Taleban"."
Relatos, porém, indicam que
muitos soldados estão deixando
as fileiras do Taleban e aderindo à
força opositora Aliança do Norte,
que controla uma parcela menor
do país. Anteontem os EUA emitiram comunicado por rádio avisando os soldados do Taleban para se entregarem, evitando as consequências dos ataques.
Cessar-fogo
Apesar do teor agressivo do discurso, o embaixador do Taleban
disse que o grupo estaria disposto
a negociar um cessar-fogo e o
apresentaria para autoridades do
Paquistão. Os detalhes do plano,
no entanto, não foram divulgados
pelo diplomata.
O governo paquistanês afirmou
estar aberto a conversações. O Paquistão é o único país a manter relações com o Taleban. Mas, desde
os atentados e o consequente
crescimento das pressões dos
EUA, o presidente paquistanês,
Pervez Musharraf, apóia a ofensiva americana, exige a entrega de
Bin Laden e já admite a saída do
Taleban do poder.
Os EUA dizem que só aceitam
abrir um diálogo com o Taleban
caso o regime entregue antes o
terrorista saudita e os membros
de sua rede, a Al Qaeda. Caso contrário, os EUA mantêm a posição
de derrubar o regime do Taleban
e caçar os terroristas.
Porém a possibilidade de que a
entrega de Bin Laden faça parte de
um acordo para parar os ataques
parece estar descartada pelo Taleban. "O tema Bin Laden não mudou. É uma questão de fé. Não
mudaremos nossa fé por nada",
disse o diplomata.
O regime afirmou nesta semana
que aceitaria entregar o saudita
para um país islâmico neutro,
desde que os bombardeios fossem encerrados e os Estados Unidos apresentassem provas do envolvimento dele nos atentados do
dia 11 de setembro. Os norte-americanos não aceitaram.
O ministro das Relações Exteriores do Taleban, Jalaluddin
Haqqani, esteve nesta semana em
Islamabad. Não se sabe o motivo
da viagem. Houve rumores de
que ele teria desertado e estaria
negociando um regime pós-Taleban. Ele negou.
Futuro governo
Um grupo de líderes tribais se
reuniu em Peshawar, no Paquistão, para pedir ao Taleban para
deixar o poder. O grupo é ligado
ao ex-rei Zahir Shah, 86, e é favorável à convocação da Loya Jirga,
tradicional assembléia tribal afegã. Muitos analistas consideram
essa opção preferível à Aliança do
Norte. A maior parte dos líderes
tribais são pashtu, etnia majoritária no Afeganistão e entre o Taleban. A Aliança do Norte é composta principalmente por etnias
minoritárias no país, como a tadjique e a uzbeque.
Os EUA e a ONU estão mantendo conversações com todos os
grupos opositores ao Taleban para articular a formação de um novo governo no Afeganistão.
Com agências internacionais
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