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ÁSIA
General linha-dura assume cargo; ONU teme que mudança adie ainda mais transição à democracia
Mianmar força premiê "moderado" a sair
DA REDAÇÃO
O governo autoritário de Mianmar anunciou ontem que o premiê e chefe do serviço de inteligência militar, general Khin Nyut,
64, foi substituído por um general
considerado mais linha-dura. A
mudança pode prejudicar uma
reconciliação com a líder do movimento pró-democracia, Aung
San Suu Kyi, que está presa.
A rádio e a TV estatais transmitiram comunicados segundo os
quais o general Soe Win, 56, ex-chefe da defesa aérea que galgou
postos na junta militar nos últimos dois anos, assumiria o cargo
de premiê. Khin Nyunt teria recebido "permissão para se aposentar por motivos de saúde", um eufemismo usado no passado para a
remoção forçada de ministros.
Os comunicados foram assinados pelo líder da junta, general
Than Shwe, que não era considerado próximo a Khin Nyunt.
Os anúncios oficiais não mencionaram uma declaração do governo tailandês de que Khin
Nyunt teria sido preso sob alegações de corrupção.
Khin Nyunt estava em posição
delicada desde setembro, quando
soldados do Exército fizeram uma
blitz em um posto de controle na
fronteira com a China, dominado
por funcionários do serviço de inteligência militar. Ouro, jade e dinheiro foram confiscados e cerca
de 150 pessoas, entre policiais e
funcionários da alfândega e dos
serviços de imigração e inteligência militar, incluindo três coronéis, foram presas.
Khin Nyunt tinha uma reputação de ser relativamente moderado. No último ano, vinha promovendo o que chamava de um "roteiro para a democracia", mantendo contatos mediados pela
ONU com o movimento de Suu
Kyi. As negociações estagnaram,
e críticos acusaram o governo de
propositadamente sabotá-las para manter-se no poder.
Soe Win é visto como defensor
de uma política de linha dura em
relação ao movimento pró-democracia liderado por Suu Kyi,
vencedora do Prêmio Nobel, e a
países ocidentais que desejam que
os militares deixem o governo e
promova eleições democráticas.
O secretário-geral da ONU, Kofi
Annan, disse por meio de porta-voz estar preocupado com o destino de Suu Kyi sob o novo governo e pediu sua soltura imediata.
Soe Win ligou-se à cúpula da
junta como segundo-secretário
em fevereiro de 2003 e foi promovido a primeiro-secretário em
uma reforma ministerial em
agosto do mesmo ano, substituindo Khin Nyunt, cuja nomeação
como premiê foi interpretada por
alguns analistas como um gesto
na direção da reconciliação com o
discurso pró-democracia.
Mas outros analistas viram a
promoção de Soe Win como o fato mais importante. Vários diplomatas e críticos do governo acreditam que ele tenha estado envolvido no ataque de maio de 2003 a
Suu Kyi e seus correligionários no
norte de Mianmar por simpatizantes do governo. Ela está em
prisão domiciliar desde então.
O substituto de Khin Nyunt como chefe dos serviços de inteligência militar não foi anunciado.
Com agências internacionais
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