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Estudo prevê mais 5 anos de ocupação
RICARDO BONALUME NETO
DA REPORTAGEM LOCAL
Os americanos e seus aliados
ainda vão ter de permanecer pelo
menos cinco anos ocupando o
Iraque para que o país possa se
viabilizar politicamente. O prazo
será necessário para que o país
consiga criar forças militares e policiais próprias para dar conta sozinho de suas necessidades de segurança em face das revoltas.
Essas tropas estão sendo treinadas pelos EUA e pelo Reino Unido
com importante ajuda da Jordânia. Mas ainda estão longe de serem capazes de tomar conta do
país, além de terem se tornado
elas próprias um dos alvos preferenciais dos insurgentes.
Essa avaliação foi feita ontem
em Londres durante o lançamento do mais prestigiado anuário sobre as forças militares do planeta,
"The Military Balance", pelo seu
editor, Christopher Langton. O
anuário é publicado pelo IISS, sigla em inglês do Instituto Internacional de Estudos Estratégicos.
Segundo o anuário, hoje estão
no Iraque 121.600 tropas dos EUA
e 25.000 militares de 34 outros
países. Um dos maiores problemas foi a pouca atenção dada pelos EUA às necessidades específicas do pós-guerra, que exigiria
maior número de tropas e com
habilidades distintas daquelas
meramente de combate.
Outro dos problemas para essa
força de ocupação é justamente o
seu caráter multinacional.
Para Langton, as duas divisões
de tropas estrangeiras sofrem
problemas de coesão -"não menor entre as suas limitações é a falta de uma língua operacional comum". Uma divisão é uma unidade militar com entre 15 mil a 20
mil soldados.
Esse não é tanto o caso da divisão multinacional no sul do Iraque, composta sobretudo por tropas britânicas -8.300 soldados- e de outros países europeus
acostumados a operar conjuntamente em função de muitos pertencerem à aliança militar Otan. A
divisão também tem 2.800 italianos e 1.300 holandeses, além de
tropas de outros sete países, incluindo Portugal (124 militares).
Já a divisão que controla a região centro-sul do país -onde
está a explosiva cidade majoritariamente xiita, Najaf- é uma torre de babel.
Tem 3.500 militares da Coréia
do Sul, 2.350 da Polônia, 1.550 da
Ucrânia, 450 da Tailândia, 420 da
Bulgária e outros contingentes
menores de mais seis países.
Apesar dessas dificuldades, o
anuário comenta que a integração
das Forças Armadas mundiais é
uma necessidade em face de
ameaças globalizadas do terrorismo, dos tráficos ilegais e do crime
organizado.
Piratas
Por exemplo, o anuário comenta o risco de os piratas que agem
em grande quantidade na região
do estreito de Málaca, no sudeste
asiático, também se associarem
com grupos terroristas. A ligação
de rebeldes com tráficos de drogas, ou de diamantes, ou de recursos biológicos, já é uma realidade.
"O desafio aos Estados, portanto, é como integrar suas Forças
Armadas, forças de controle de
fronteira e forças policiais em
uma arquitetura capaz de reagir e
controlar as ameaças do século 21
de uma forma efetiva e sem costuras", escreve Langton no prefácio
do anuário.
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