São Paulo, segunda-feira, 20 de novembro de 2006

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Governadores da oposição rompem com governo Evo

Decisão de 6 dos 9 departamentos da Bolívia ocorre em protesto à atuação governista na Assembléia Constituinte

O rompimento é uma resposta à adoção, na elaboração da Carta boliviana, da aprovação de leis por maioria simples

David Mercado - 16.nov.06/Reuters
O presidente Morales, que enfrenta protesto de governadores


DA REPORTAGEM LOCAL

Os governadores de seis dos nove departamentos da Bolívia, todos pertencentes a partidos de oposição, anunciaram ontem o rompimento do diálogo com o presidente Evo Morales, acusado de desrespeitar a Lei de Convocatória da Assembléia Constituinte ao aprovar, na última sexta-feira, o sistema de votação por maioria simples.
O governadores também se opõem a um projeto de lei impulsionado por Morales no Congresso que, se aprovado, permitirá ao Parlamento fazer moções de censura e até destituir governadores. O partido governista MAS (Movimento ao Socialismo) tem a maioria dos parlamentares, embora esteja em minoria no Senado.
"Romper relação com o Poder Executivo nacional e não atender a nenhuma convocatória que realize o senhor presidente da República enquanto não se modificar a linha governamental de desrespeito à lei e desestabilização institucional das autoridades eleitas pelo voto popular", diz a nota.
O comunicado foi divulgado na madrugada pelos governadores de Santa Cruz, La Paz, Beni, Cochabamba, Tarija e Pando, onde vive 80% da população boliviana, estimada em 9 milhões de pessoas.
Os governadores da oposição rechaçam o regulamento da Assembléia, aprovado na sexta-feira pela maioria governista, segundo o qual todos os artigos constitucionais da nova Carta serão aprovados por maioria simples, o que livra o MAS de negociar com a oposição.
Os governadores rebelados e os principais partidos oposicionistas exigem que a aprovação seja por dois terços, como determina a Lei de Convocatória aprovada em abril pelo Congresso, já no governo Morales.

Greve
Desde quinta-feira, parlamentares e militantes do partido de oposição UN (Unidade Nacional), com oito vagas na assembléia, iniciaram uma greve de fome contra o que chamam de "atropelo" do governo federal. O principal partido da oposição, Podemos (Poder Democrático e Social), deve se reunir hoje para tomar uma posição. O deputado governista José Pimentel defendeu ontem a aprovação por maioria simples dos artigos e disse que o texto final terá de ser aprovado por dois terços. "Discutir cada um dos artigos por dois terços travaria e o processo."


Com agências internacionais


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