São Paulo, sexta-feira, 20 de novembro de 2009

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

UE escolhe belga para ser seu 1º presidente

Premiê Herman Van Rompuy é escolhido por consenso, deixando para trás nomes mais fortes, como o britânico Tony Blair

Mandato é de dois anos e meio e pode ser renovado; bloco elege ainda Catherine Ashton, do Reino Unido, para ser a sua chanceler

LUCIANA COELHO
DE GENEBRA

A União Europeia escolheu o belga Herman Van Rompuy para ser seu primeiro presidente permanente e a britânica Catherine Ashton como sua chanceler. Os dois tomarão posse no próximo dia 1º, quando os cargos serão criados com a entrada em vigor do Tratado de Lisboa, novo estatuto do bloco.
Van Rompuy, centro-direitista e atual premiê da Bélgica, deixou para trás nomes de mais peso como o ex-premiê britânico Tony Blair e o ex-chanceler sueco Carl Bildt.
O mandato é de dois anos e meio, com possibilidade de uma reeleição.
A escolha de Van Rompuy pelos líderes dos 27 países do bloco, em uma eleição informal na noite de ontem em Bruxelas, coroa três semanas de discussões e debates nas quais o consenso, segundo relatos feitos por diplomatas à mídia europeia, só emergiu no final.
A discrição e a projeção política restrita do belga, sem fatos demasiado desabonadores no currículo, ajudaram-no. Mas definitivo foi o apoio da França e da Alemanha, as duas maiores potências da Europa continental, sobretudo por sua visão contrária à expansão do bloco.
A eleição resulta também do intricado jogo de forças políticas no bloco, que dificultou a opção por um nome de esquerda, e da ausência de candidatos de países maiores. Entre as duas dezenas de nomes aventados, afora Blair e Bildt, os principais concorrentes de Van Rompuy vinham de seus vizinhos Holanda e Luxemburgo.
Foi esse mesmo jogo político que garantiu no último momento a cadeira de chanceler à baronesa britânica Catherine Ashton, 53, atual comissária da UE para comércio e até então um nome fora da lista.
Sendo ela esquerdista e mulher, a escolha parece uma tentativa de posicionar dois grupos relegados na disputa presidencial -a única mulher citada para o cargo foi a ex-presidente letã Vaira Vike-Freiberga.
A ascensão de Ashton também contenta os britânicos, decepcionados pela rejeição a Blair e partidários da ideia de que a UE precisava de um presidente com um nome mais forte para tentar recuperar seu peso geopolítico ante os Estados Unidos e a China.
O mandato será de cinco anos, após o aval do Parlamento Europeu (dado como certo).
À frente de uma entidade de caridade do governo nos anos 80, ela galgou degraus até ser nomeada presidente da Câmara dos Lordes (Câmara Alta britânica) em 2007, onde se projetou pela firmeza de posições.
Agora, caberá a Ashton coordenar um orçamento de 50 bilhões em três anos, um exército diplomático que contará com 7.000 pessoas até 2013 e será encarregado de abrir as primeiras embaixadas da União Europeia no mundo.
Não se sabe contudo qual será a "cara" da UE no mundo - o Tratado de Lisboa não esclarece. Analistas avaliam que o presidente possa ser suplantado pela chanceler, que terá o controle sobre a política externa e de defesa do bloco. Caberá a Ashton ainda ser a porta-voz das posições europeias em organismos internacionais.
O estatuto prevê como tarefas do presidente (na certidão, presidente do Conselho Europeu, que reúne os 27 chefes de Estado e de governo) buscar a coesão e o consenso do bloco, relatar ao Parlamento o teor das cúpulas e representar a UE em questões de segurança e política externa, mas sem interferir no trabalho da chanceler.
A delicada questão da ampliação do bloco continua nas mãos da Comissão Europeia.


Texto Anterior: Frases
Próximo Texto: Perfil: Escolhido para cargo tem fama de conciliador
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.