|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Em resposta a blogueira, Obama cobra Cuba
Americano repetiu que espera gesto cubano para seguir reaproximação em entrevista a Yoani Sánchez
FLÁVIA MARREIRO
DA REPORTAGEM LOCAL
Em entrevista à premiada
blogueira cubana, Yoani Sánchez, o presidente dos EUA, Barack Obama, voltou a cobrar
uma "ação" do governo de Cuba
para seguir avançando na normalização dos laços bilaterais.
A Casa Branca confirmou
que Obama enviou as respostas
por escrito a Sánchez, numa
deferência que reforça a repercussão internacional -e, de
maneira incipiente, em Cuba-
da blogosfera crítica ao regime.
Obama manteve o tom de
aproximação cautelosa, para
aplacar ataques da oposição no
Congresso, crítica do degelo.
Questionado pela blogueira
se conversaria com Havana sobre "tudo", e de igual para igual,
como pede o dirigente de Cuba,
Raúl Castro, ele rejeitou "falar
por falar".
Obama defendeu a diplomacia direta e sem precondições,
citou avanços de sua gestão, como a retomada de conversas
sobre migração e correios e a liberação da viagens de cubanos-americanos.
Logo, porém, cobrou uma
"ação" de Havana, dizendo que
a relação direta deve servir aos
"interesses americanos" e à "liberdade do povo cubano".
Havana tem elogiado as conversas com os EUA, mas rejeita
o pedido de "gesto", argumentando que é vítima do embargo
econômico e que a política interna não é "moeda de troca".
Para Jorge Piñón, professor
da Universidade de Miami, a
entrevista de Obama reforça a
"dor de cabeça" que Sánchez,
premiada por seu blog nos EUA
e na Europa, é para o regime.
Ela disse, há 12 dias, que apanhou de agentes do governo enquanto caminhava por Cuba
com outros blogueiros.
Piñón diz que a blogueira é
sintoma de um problema maior
para os Castro: lidar com as novas tecnologias, celular incluído -Raúl liberou em 2008 a
compra de celulares na ilha.
"Cuba fez uma abertura em
telecomunicações. É uma área
delicada. O governo deve estar
analisando a eleição iraniana",
diz, em referência aos protestos
filmados por celular em Teerã.
Na entrevista, Sánchez, crítica do embargo, questionou
Obama sobre a responsabilidade dos EUA na precariedade da
internet em Cuba. Por causa do
embargo, a ilha não tem cabos
de fibra ótica ligando-a à Flórida, a solução mais barata.
O americano citou medida
aprovada por ele, que permite
empresas de telecomunicações
dos EUA a negociar com Havana. Está em construção, porém,
um cabo de fibra ótica ligando a
aliada Venezuela à ilha, e essa
seria a opção estratégica natural de Cuba, lembra Piñón.
Obama acaba de visitar a comunista China, lá defendeu a liberdade de expressão, mas não
houve contato com dissidentes.
"Fazer isso na China tem custo
econômico. Falar com Sánchez
tem risco zero", diz Piñón.
O marido de Sánchez, Reinaldo Escobar, disse à Associated Press que as perguntas foram enviadas a Obama há três
meses. A blogueira publicou em
seu site perguntas que disse ter
enviado a Raúl Castro.
Obama respondeu Sánchez
no momento em que a Câmara
dos Representantes dos EUA
discute projeto para liberar totalmente viagens de cidadãos
americanos à ilha. Trechos do
blog no qual ela ataca a proibição foram lidos no debate.
Texto Anterior: Ataque terrorista: Ofensiva atribuída ao Taleban deixa 21 mortos no Paquistão Próximo Texto: Giro pela Ásia: Em Seul, Obama adverte Teerã sobre não colaboração nuclear Índice
|