São Paulo, sábado, 20 de novembro de 2010

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Obama anuncia acordo de escudo da Otan

Em cúpula em Lisboa, presidente festeja sistema; plano é alternativa ao proposto por ex-presidente Bush

Em carta publicada em jornal, americano pede a aliados europeus que grupo seja modernizado para manter relevância

ANDREA MURTA
DE WASHINGTON

A Otan (aliança militar ocidental) concordou, em cúpula aberta ontem em Lisboa, com um novo sistema de defesa antimísseis para a Europa e os EUA que prevê a Rússia como parceira.
O sistema, anunciado ainda no ano passado pelo presidente dos EUA, Barack Obama, é uma demorada substituição para o antigo plano americano de construir um escudo antimísseis com radares e interceptores, que seriam baseados na Polônia e na República Tcheca.
Esse plano, impulsionado pelo ex-presidente George W. Bush, teve a feroz oposição de Moscou, que temia ter sua capacidade de ataque -e, consequentemente, de dissuasão- esvaziada.
Obama, que chegou a Portugal ontem, descartou o escudo de Bush justamente para evitar a tensão com a Rússia, com quem tenta renovar laços. O sistema que está sendo agora proposto é mais modesto. Pretende proteger tropas e instalações militares em fases, eventualmente isolando populações e territórios de possíveis ameaças vindas, por exemplo, do Irã.
"Estou feliz por anunciar que, pela primeira vez, concordamos em desenvolver uma defesa antimísseis forte o suficiente para cobrir todos [os países membros da Otan na Europa] e os EUA", disse. "Estamos ansiosos para trabalhar com a Rússia."
A oferta de parceria com a Rússia será formalizada hoje. A ideia não é ter um sistema único integrado, e sim dois sistemas -um da Europa e dos EUA e outro russo- que se tornariam colaborativos.
Segundo Stephen Sestanovich, analista do Council on Foreign Relations, a Rússia ainda vê o "plano de Obama" com ceticismo e há muita desconfiança sobre o alvo.
Mas "o clima com os EUA está melhor (...) e os russos querem descobrir se é possível cooperar concretamente na defesa antimísseis".
O custo total é estimado em US$ 1 bilhão em dez anos.
A rede europeia antimísseis é o componente chave do novo conceito estratégico que está sendo preparado pela Otan. O documento, que renova um conceito de mais de uma década, redireciona a atenção da aliança para novas ameaças.
Em carta publicada ontem no "International Herald Tribune", Obama disse que a modernização dos objetivos da Otan é fundamental para "garantir que a aliança seja tão relevante neste século quanto foi no último".
Ele pregou uma maior aproximação de Europa e EUA, afirmando que nenhum dos dois pode "confrontar os desafios de nossa era sozinho" e destacou como prioridade a coordenação da ação no Afeganistão.
Há um entendimento de que a Otan começará a entregar gradualmente a responsabilidade pela segurança do país para as forças afegãs em 2011, concluindo em 2014.


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