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ARMAS
George W. Bush e Tony Blair elogiam a decisão do país, que vai permitir a realização de inspeções internacionais
Líbia diz que destruirá arsenal proibido
DA REDAÇÃO
O governo da Líbia anunciou
ontem que o país vai eliminar
imediatamente todas as suas armas de destruição em massa. Segundo declaração do Ministério
das Relações Exteriores líbio, a
decisão foi tomada após reuniões
com "especialistas" dos Estados
Unidos e do Reino Unido.
Em Washington, o presidente
americano, George W. Bush, disse
que o país norte-africano vai permitir a inspeção internacional de
seu arsenal. Segundo Bush, a medida vai ser de "grande importância" para a luta global contra o terrorismo e ajudará a Líbia a "recuperar seu prestígio". Os Estados
Unidos e a Líbia estão com as relações diplomáticas rompidas desde 1981.
"Hoje, em Trípoli, o líder da Líbia, coronel Muammar Gaddafi,
publicamente confirmou seu
compromisso de revelar e desmontar todas as armas de destruição em massa em seu país. A Líbia
iniciou o processo de retorno à
comunidade de nações. O coronel
Gaddafi sabe o caminho para a
frente", declarou Bush.
Exemplo a ser seguido
O presidente norte-americano
disse ainda que a Guerra do Iraque e os esforços para interromper o programa nuclear da Coréia
do Norte mandaram a países como a Líbia uma clara mensagem
de que devem abandonar quaisquer programas armamentistas.
"Espero que outros líderes sigam
o exemplo", acrescentou Bush.
A notícia sobre a decisão da Líbia foi anunciada primeiro pelo
primeiro-ministro Tony Blair, em
Durham (norte da Inglaterra): "A
Líbia veio a nós depois das negociações bem-sucedidas de Lockerbie para ver se poderia resolver a questão das armas de destruição em massa de uma maneira igualmente cooperativa. A Líbia declarou sua intenção de desmantelar completamente suas armas de destruição em massa e de
limitar o alcance de seus mísseis a
não mais do que 300 quilômetros".
De acordo com o primeiro-ministro britânico, as negociações
com o governo de Gaddafi foram
iniciadas há nove meses. "A decisão de Gaddafi é histórica e corajosa. Dou meus aplausos a ela",
completou Blair.
Blair afirmou que Gaddafi prometeu que o processo será "transparente e verificável" e que o país
vai negociar um novo acordo com
a Agência Internacional de Energia Atômica (o órgão nuclear da
ONU).
Uma autoridade do governo
britânico que não quis revelar seu
nome afirmou que a Líbia estava
bem próxima de finalizar a construção de uma bomba nuclear. Os
agentes britânicos que participaram das negociações no país tiveram acesso a "significativas quantidades de compostos químicos"
e obtiveram a confirmação por
parte da Líbia de que material nuclear estava sendo desenvolvido
com a finalidade de construir
uma bomba.
Coréia do Norte
Um funcionário do governo
norte-americano disse que a Líbia
também revelou ter criado um
programa para o desenvolvimento de mísseis Scud em parceria
com a Coréia do Norte.
O texto do comunicado do governo líbio diz que a ação está de
acordo com o compromisso do
país de tornar o Oriente Médio e a
África regiões livres de ameaça
nuclear. A Líbia anunciou ainda
que vai manter somente os mísseis de "especificação e alcance
[estipulados] pelo Regimento de
Controle da Tecnologia de Mísseis".
O Conselho de Segurança da
ONU suspendeu as sanções contra a Líbia em setembro, depois
que o governo de Gaddafi assumiu a responsabilidade pelo atentado que, em 1988, derrubou um
vôo comercial da Pan Am que
voava sobre Lockerbie (Escócia) e
concordou em indenizar as famílias das 270 vítimas em US$ 2,7 bilhões.
A Otan (aliança militar ocidental) também elogiou a decisão líbia. "A Otan dá grande importância à interrupção da proliferação
dessas armas", disse Jaime Shea,
porta-voz da organização.
Com agências internacionais
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