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São Paulo, sábado, 20 de dezembro de 2003

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ARMAS

George W. Bush e Tony Blair elogiam a decisão do país, que vai permitir a realização de inspeções internacionais

Líbia diz que destruirá arsenal proibido

DA REDAÇÃO

O governo da Líbia anunciou ontem que o país vai eliminar imediatamente todas as suas armas de destruição em massa. Segundo declaração do Ministério das Relações Exteriores líbio, a decisão foi tomada após reuniões com "especialistas" dos Estados Unidos e do Reino Unido.
Em Washington, o presidente americano, George W. Bush, disse que o país norte-africano vai permitir a inspeção internacional de seu arsenal. Segundo Bush, a medida vai ser de "grande importância" para a luta global contra o terrorismo e ajudará a Líbia a "recuperar seu prestígio". Os Estados Unidos e a Líbia estão com as relações diplomáticas rompidas desde 1981.
"Hoje, em Trípoli, o líder da Líbia, coronel Muammar Gaddafi, publicamente confirmou seu compromisso de revelar e desmontar todas as armas de destruição em massa em seu país. A Líbia iniciou o processo de retorno à comunidade de nações. O coronel Gaddafi sabe o caminho para a frente", declarou Bush.

Exemplo a ser seguido
O presidente norte-americano disse ainda que a Guerra do Iraque e os esforços para interromper o programa nuclear da Coréia do Norte mandaram a países como a Líbia uma clara mensagem de que devem abandonar quaisquer programas armamentistas. "Espero que outros líderes sigam o exemplo", acrescentou Bush.
A notícia sobre a decisão da Líbia foi anunciada primeiro pelo primeiro-ministro Tony Blair, em Durham (norte da Inglaterra): "A Líbia veio a nós depois das negociações bem-sucedidas de Lockerbie para ver se poderia resolver a questão das armas de destruição em massa de uma maneira igualmente cooperativa. A Líbia declarou sua intenção de desmantelar completamente suas armas de destruição em massa e de limitar o alcance de seus mísseis a não mais do que 300 quilômetros".
De acordo com o primeiro-ministro britânico, as negociações com o governo de Gaddafi foram iniciadas há nove meses. "A decisão de Gaddafi é histórica e corajosa. Dou meus aplausos a ela", completou Blair.
Blair afirmou que Gaddafi prometeu que o processo será "transparente e verificável" e que o país vai negociar um novo acordo com a Agência Internacional de Energia Atômica (o órgão nuclear da ONU).
Uma autoridade do governo britânico que não quis revelar seu nome afirmou que a Líbia estava bem próxima de finalizar a construção de uma bomba nuclear. Os agentes britânicos que participaram das negociações no país tiveram acesso a "significativas quantidades de compostos químicos" e obtiveram a confirmação por parte da Líbia de que material nuclear estava sendo desenvolvido com a finalidade de construir uma bomba.

Coréia do Norte
Um funcionário do governo norte-americano disse que a Líbia também revelou ter criado um programa para o desenvolvimento de mísseis Scud em parceria com a Coréia do Norte.
O texto do comunicado do governo líbio diz que a ação está de acordo com o compromisso do país de tornar o Oriente Médio e a África regiões livres de ameaça nuclear. A Líbia anunciou ainda que vai manter somente os mísseis de "especificação e alcance [estipulados] pelo Regimento de Controle da Tecnologia de Mísseis".
O Conselho de Segurança da ONU suspendeu as sanções contra a Líbia em setembro, depois que o governo de Gaddafi assumiu a responsabilidade pelo atentado que, em 1988, derrubou um vôo comercial da Pan Am que voava sobre Lockerbie (Escócia) e concordou em indenizar as famílias das 270 vítimas em US$ 2,7 bilhões.
A Otan (aliança militar ocidental) também elogiou a decisão líbia. "A Otan dá grande importância à interrupção da proliferação dessas armas", disse Jaime Shea, porta-voz da organização.


Com agências internacionais


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