São Paulo, sábado, 20 de dezembro de 2008

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Rússia pede a Hamas trégua em Gaza

Moscou diz que decisão de não renovar cessar-fogo afetará população civil; Israel ameaça atacar

Apesar de retórica, forças israelenses não reagiram a lançamentos de mísseis, refletindo a relutância do governo em atacar território

DA REDAÇÃO

A Rússia pediu ontem ao grupo islâmico palestino Hamas que reconsidere a decisão anunciada na véspera de não renovar a trégua em vigor desde junho com Israel na faixa de Gaza. O acordo expirou ontem.
"É indispensável revisar a decisão de pôr fim à trégua. [Isso] poderá causar novas vítimas e sofrimento entre a população civil", disse o governo russo.
O Hamas anunciou anteontem que não renovará o acordo, acertado informalmente sob mediação do Egito e que estava previsto para durar seis meses, com fim formalizado ontem.
O grupo islâmico alegou que Israel descumpriu a promessa de cessar os ataques e levantar o bloqueio imposto a Gaza desde junho de 2007, quando o Hamas expulsou do território o Fatah, do presidente da ANP (Autoridade Nacional Palestina), Mahmoud Abbas, que governa a Cisjordânia.
O acordo também determinava que o grupo islâmico suspendesse os disparos de mísseis contra o território israelense -os ataques continuaram esporadicamente.
Israel afirmou que a trégua havia sido acertada sem prazo fixo e ontem ameaçou responder com vigor a qualquer ataque do Hamas. Mas, na prática, as forças israelenses não reagiram a disparos de mísseis feitos ontem desde Gaza -não houve vítimas nem danos.
A falta de ação militar reforça a tese defendida por analistas de que o governo israelense não tem interesse em iniciar um conflito de larga escala às vésperas da eleição geral de fevereiro, convocada após a renúncia por suspeitas de corrupção do premiê Ehud Olmert.
Olmert, que ficará no cargo até que as urnas definam seu sucessor, e o ministro da Defesa, Ehud Barak, candidato trabalhista ao pleito, temem entrar num confronto de conseqüências imprevisíveis. Olmert perdeu boa parte de seu capital político na fracassada guerra contra o grupo xiita libanês Hizbollah, em 2006.
Apesar das pressões da direita e até de governistas, que exigem uma ofensiva ampla, Israel também reluta em atacar Gaza diante da possibilidade de ter que reocupar uma área da qual se retirou em 2005.
Controlar novamente o território teria, além de um alto custo militar e financeiro, um impacto negativo em meio às tentativas de diálogo com a ANP -Abbas foi recebido ontem em Washington por George W. Bush, que qualificou o processo de paz de "irreversível".
Analistas afirmam que o Hamas a princípio também não tem interesse em uma escalada da violência, mas ressaltam que a situação pode se deteriorar.


Com agências internacionais


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