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Polícia chinesa prende operários em fábrica para evitar protesto
Demissões em pólo exportador acirram tensão social; Pequim admite que desemprego é "muito maior" do que dado oficial
Fechamento de fábrica sem o pagamento integral de salários provocou protesto; operários relatam agressões e criticam o poder local
DA REDAÇÃO
Centenas de trabalhadores
chineses foram mantidos pela
polícia em uma fábrica para impedir que protestassem em
Dongguan, na Província de
Cantão, pólo de exportação duramente atingido pela crise
econômica global. Mais de
7.000 empresas da Província
fecharam ou se mudaram nos
últimos nove meses, segundo o
jornal estatal "China Daily".
O prédio da fábrica de malas
Jianrong e o dormitório dos
operários foram cercados pela
polícia e, segundo Zhang Guohua, um líder dos trabalhadores ouvido pela Associated
Press, cerca de 300 pessoas ficaram retidas nos edifícios.
O conflito começou na última segunda-feira, quando a fábrica encerrou atividades e, segundo Guohua, propôs pagar
aos funcionários apenas 60%
dos salários dos últimos dois
meses. Revoltados, os operários marcharam até a sede do
governo local, onde fizeram vigília até serem forçados pela
polícia a voltar para a fábrica.
"Uma menina tentou sair do
dormitório, mas bateram na cabeça dela com um cassetete
metálico e ela foi internada
com lesões graves. Não querem
que a gente proteste. Se tentarmos sair, eles baterão na gente
ainda mais", disse Guohua, por
celular, do dormitório. Os operários de Dongguan são com
freqüência migrantes camponeses que vivem nas próprias
fábricas, longe das famílias.
"Eles estão tentando nos
trancar porque não querem
que a gente saia e a imprensa
internacional registre nosso
protesto", afirmou Dai Houxue, que escapou com cerca de
cem colegas do cerco policial.
Demissões e retração salarial
têm acirrado tensões em Cantão, Província vizinha a Hong
Kong, e em outras zonas industriais chinesas. O retorno maciço de migrantes, expulsos das
cidades pelo desemprego, foi
noticiado ontem pela agência
estatal Xinhua, que enfatizou
os esforços dos governos regionais para conter a crise social.
"O desemprego real é muito
mais grave do que mostram as
estatísticas oficiais, baseadas
no registrado entre trabalhadores urbanos", admitiu ontem o
conselheiro de Estado Chen
Quansheng . Ele estima que 6,7
milhões de postos de trabalho
tenham sido extintos, muitos
deles em Cantão.
Segundo relatório da Academia Chinesa de Ciências Sociais publicado nesta semana, o
desemprego urbano atingiu
9,4% -o dobro do índice oficial. Jovens migrantes e recém-formados são os mais atingidos.
Pequim teme que o arrefecimento do "milagre econômico"
chinês acirre as tensões sociais,
mitigadas pela melhoria contínua do padrão de vida dos chineses nas duas últimas décadas, apesar do aumento das desigualdades. A China anunciou,
no mês passado, um pacote de
estimulo econômico de US$
586 bilhões, focado em obras de
infra-estrutura e no estímulo
ao consumo doméstico.
Com agências internacionais
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