São Paulo, segunda-feira, 20 de dezembro de 2010 |
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ANÁLISE Chávez supera adversários no terreno da emoção política LUIS VICENTE LEÓN ESPECIAL PARA A FOLHA Os resultados das eleições parlamentares de setembro na Venezuela não foram elogiosos para Chávez. Sua proposta obteve menos votos que a de seus adversários, refletindo uma perda de conexão com o eleitorado e sua vulnerabilidade eleitoral. A resposta de Chávez foi imediata e procura realizar duas coisas: 1) resgatar a popularidade perdida para sustentar o status quo que lhe confere esse manto de legitimidade com o qual ele coloniza os outros valores democráticos, tais como a divisão dos poderes, o respeito pelas minorias, a liberdade de expressão e a alternância no poder; 2) concentrar ainda mais o controle político e institucional do país, preparando-se para uma eventualidade em que sua força extra-eleitoral seja determinante para mantê-lo no poder. Nessa busca, ele radicaliza discurso e ação, constrói medidas contra empresários e adversários, para retratar as desapropriações e confiscos como um "castigo" aos inescrupulosos, e não como o caminho para o controle total do Estado sobre os elementos de produção e propriedade. E, para concluir, aplica sua tacada de mestre: aproveitando o controle que ainda detém da Assembleia Nacional, mas que terminará em poucos dias, Chávez faz aprovar leis radicais que intensificam seu controle sobre os meios de comunicação, os bancos e o sistema político, coroando tudo com uma lei que lhe permite governar por decreto por quase todo o restante de seu mandato, sem passar por discussão alguma nesse novo Congresso onde ele teria que negociar. A pergunta chave é se essas ações vão afetar sua popularidade, haja visto que violentam a decisão da população na última eleição. Acredito que as consequências negativas destas ações poderão afetá-lo no longo prazo, mas que, no presente, seu trabalho político está rendendo frutos. Chávez está jogando em um terreno no qual supera seus adversários: o da emoção. Será que ele conseguirá sustentar esse jogo por mais tempo? Isso depende de quão eficientes forem seus adversários em levar o debate público para o plano dos problemas reais (em que Chávez perderia) e em criar um novo clima em que os opositores possam ter algo que ainda não possuem: figuras de destaque. LUIS VICENTE LEÓN é sócio-diretor do instituto de pesquisas Datanálisis Tradução de CLARA ALLAIN Texto Anterior: Chavistas aceleram voto na Assembleia Próximo Texto: Burocracia e até "medo" aguardam novo chefe da FAO Índice | Comunicar Erros |
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