São Paulo, quarta-feira, 21 de janeiro de 2004

Próximo Texto | Índice

ELEIÇÃO NOS EUA

No Discurso sobre o Estado da União, presidente deixa em segundo plano a guerra contra o terrorismo

Candidato, Bush prioriza saúde e emprego

DA REDAÇÃO

Com início marcado para as 21h de ontem (0h de hoje em Brasília), o discurso do presidente americano, George W. Bush, sobre o estado da União deveria priorizar os temas domésticos. Segundo funcionários da Casa Branca que adiantaram partes do pronunciamento, Bush iria propor medidas para gerar empregos e diminuir o número de americanos que não contam com seguro-saúde, sem, no entanto, deixar de pedir apoio à guerra contra o terror.
Bush pretendia aproveitar o evento para contrabalançar o destaque dado pela mídia aos democratas, que anteontem iniciaram o processo que vai indicar seu rival nas eleições de 2 de novembro. O Discurso sobre o Estado da União, uma exigência da Constituição, é o pronunciamento anual mais importante do presidente.
De acordo com as informações vazadas para a imprensa, Bush deveria abrir o discurso, proferido em sessão conjunta das duas Casas do Congresso e transmitido para todo o país, abordando a segurança nacional e em seguida entrando nas questões internas -o contrário do que havia feito em anos anteriores.
A decisão do presidente de alterar a ordem dos temas do discurso acontece num momento em que os americanos estão colocando os assuntos internos dos EUA no topo de suas prioridades. Uma pesquisa "ABC News"/"Washington Post" publicada ontem mostrou que o número de americanos que querem que o presidente fale mais sobre temas domésticos subiu de 31%, antes do Discurso sobre o Estado da União de 2002, para 40%.
A pesquisa revelou ainda que a aprovação ao desempenho de Bush é de 58% -o melhor índice obtido por um presidente com três anos de mandato desde 1956 com Dwight Eisenhower. O prestígio se deve em grande parte à opinião sobre sua liderança na guerra ao terror -aprovação de 66%. As piores avaliações vão para sua conduta em temas como saúde, imigração e economia.
Bush deveria propor no discurso medidas para conter a elevação dos custos dos serviços de saúde. Também pediria um uso mais intensivo das novas tecnologias da medicina como forma de reduzir os erros médicos, que elevam os gastos no setor.
O presidente deveria retomar uma proposta que permite a pequenas empresas se unir para conseguir planos de seguro-saúde mais vantajosos. Também esperava-se que Bush oferecesse deduções nos impostos para beneficiar os cerca de 40 milhões de americanos que têm seguros-saúde parciais ou simplesmente não contam com nenhuma proteção.
O presidente republicano voltaria a afirmar que a série de cortes nos impostos é responsável pelo reaquecimento da economia. Bush acrescentaria que a partir de agora sua atenção estará voltada para a criação de empregos.
Para ajudar trabalhadores desempregados a se aprimorar, o presidente deveria anunciar a concessão de mais de US$ 120 milhões em bolsas para cursos em faculdades comunitárias. Nos últimos anos, centenas de milhares de vagas foram fechadas na indústria manufatureira. Bush também iria reativar um projeto para permitir que trabalhadores possam investir parte de suas contribuições à Previdência Social no mercado de ações.
Segundo assessores, o presidente voltaria a atacar as uniões homossexuais, repetindo a sua crença de que o casamento deve ser somente entre homens e mulheres. Contudo, Bush não tomaria a iniciativa de propor uma emenda constitucional que explicitasse a proibição a casamentos gays.
No campo internacional, Bush provavelmente citaria a decisão da Líbia de abandonar a produção de armas de destruição em massa como um sinal de que sua política externa está produzindo resultados.
Apesar de os EUA não terem encontrado armas de destruição em massa no Iraque nem provas de vínculos do país com a rede terrorista Al Qaeda, Bush justificaria no discurso a decisão de ir à guerra com a remoção de Saddam Hussein do poder e a oportunidade criada para a implantação de um regime democrático no coração do Oriente Médio.


Com agências internacionais
Leia trechos do discurso em
www1.folha.uol.com.br/folha/mundo/ult94u68186.shtml


Próximo Texto: Quatro democratas dividem chances após prévia de Iowa
Índice


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.