|
Próximo Texto | Índice
ELEIÇÃO NOS EUA
No Discurso sobre o Estado da União, presidente deixa em segundo plano a guerra contra o terrorismo
Candidato, Bush prioriza saúde e emprego
DA REDAÇÃO
Com início marcado para as 21h
de ontem (0h de hoje em Brasília),
o discurso do presidente americano, George W. Bush, sobre o estado da União deveria priorizar os
temas domésticos. Segundo funcionários da Casa Branca que
adiantaram partes do pronunciamento, Bush iria propor medidas
para gerar empregos e diminuir o
número de americanos que não
contam com seguro-saúde, sem,
no entanto, deixar de pedir apoio
à guerra contra o terror.
Bush pretendia aproveitar o
evento para contrabalançar o destaque dado pela mídia aos democratas, que anteontem iniciaram o
processo que vai indicar seu rival
nas eleições de 2 de novembro. O
Discurso sobre o Estado da
União, uma exigência da Constituição, é o pronunciamento anual
mais importante do presidente.
De acordo com as informações
vazadas para a imprensa, Bush
deveria abrir o discurso, proferido em sessão conjunta das duas
Casas do Congresso e transmitido
para todo o país, abordando a segurança nacional e em seguida
entrando nas questões internas
-o contrário do que havia feito
em anos anteriores.
A decisão do presidente de alterar a ordem dos temas do discurso acontece num momento em
que os americanos estão colocando os assuntos internos dos EUA
no topo de suas prioridades. Uma
pesquisa "ABC News"/"Washington Post" publicada ontem
mostrou que o número de americanos que querem que o presidente fale mais sobre temas domésticos subiu de 31%, antes do
Discurso sobre o Estado da União
de 2002, para 40%.
A pesquisa revelou ainda que a
aprovação ao desempenho de
Bush é de 58% -o melhor índice
obtido por um presidente com
três anos de mandato desde 1956
com Dwight Eisenhower. O prestígio se deve em grande parte à
opinião sobre sua liderança na
guerra ao terror -aprovação de
66%. As piores avaliações vão para sua conduta em temas como
saúde, imigração e economia.
Bush deveria propor no discurso medidas para conter a elevação
dos custos dos serviços de saúde.
Também pediria um uso mais intensivo das novas tecnologias da
medicina como forma de reduzir
os erros médicos, que elevam os
gastos no setor.
O presidente deveria retomar
uma proposta que permite a pequenas empresas se unir para
conseguir planos de seguro-saúde
mais vantajosos. Também esperava-se que Bush oferecesse deduções nos impostos para beneficiar os cerca de 40 milhões de
americanos que têm seguros-saúde parciais ou simplesmente não
contam com nenhuma proteção.
O presidente republicano voltaria a afirmar que a série de cortes
nos impostos é responsável pelo
reaquecimento da economia.
Bush acrescentaria que a partir de
agora sua atenção estará voltada
para a criação de empregos.
Para ajudar trabalhadores desempregados a se aprimorar, o
presidente deveria anunciar a
concessão de mais de US$ 120 milhões em bolsas para cursos em
faculdades comunitárias. Nos últimos anos, centenas de milhares
de vagas foram fechadas na indústria manufatureira. Bush também iria reativar um projeto para
permitir que trabalhadores possam investir parte de suas contribuições à Previdência Social no
mercado de ações.
Segundo assessores, o presidente voltaria a atacar as uniões homossexuais, repetindo a sua crença de que o casamento deve ser
somente entre homens e mulheres. Contudo, Bush não tomaria a
iniciativa de propor uma emenda
constitucional que explicitasse a
proibição a casamentos gays.
No campo internacional, Bush
provavelmente citaria a decisão
da Líbia de abandonar a produção de armas de destruição em
massa como um sinal de que sua
política externa está produzindo
resultados.
Apesar de os EUA não terem
encontrado armas de destruição
em massa no Iraque nem provas
de vínculos do país com a rede
terrorista Al Qaeda, Bush justificaria no discurso a decisão de ir à
guerra com a remoção de Saddam
Hussein do poder e a oportunidade criada para a implantação de
um regime democrático no coração do Oriente Médio.
Com agências internacionais
Leia trechos do discurso em
www1.folha.uol.com.br/folha/mundo/ult94u68186.shtml
Próximo Texto: Quatro democratas dividem chances após prévia de Iowa Índice
|