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Chanceler de Israel vê chance de união entre moderados
Tzipi Livni diz que há oportunidade de solução consensual, sem unilateralismo
Ministra é bem mais popular que premiê Ehud Olmert; para ela, é "obrigação" que Israel e um futuro Estado palestino possam conviver
ARI SHAVIT
DO HAARETZ
A ministra israelense das Relações Exteriores, Tzipi Livni,
tem um plano diplomático claro que está tentando promover.
"O tempo não está do lado dos
moderados de ambos os lados.
O tempo opera contra uma solução que inclua dois Estados",
diz ela. Uma pesquisa divulgada
pelo "Haaretz" nesta semana
mostrou que Livni tem um índice de aprovação de 51%, enquanto o primeiro-ministro
Ehud Olmert tem apenas 14%
de aprovação.
HAARETZ - A sra. acha que o estabelecimento de um Estado palestino durante o mandato do governo
atual é uma meta possível?
TZIPI LIVNI - Não gosto de fixar
prazos. Não estou falando de
um Estado palestino, mas de
dois Estados-nações convivendo pacificamente lado a lado.
Existe um público palestino
que vê essa meta como sendo
também sua. Os palestinos deixaram passar todas as oportunidades até agora. Eles poderiam estar comemorando o 60º
aniversário de seu Estado -se
tivessem aceitado o Plano de
Partilha- ou, alternativamente, poderiam estar comemorando o sexto aniversário de
seu Estado -se tivessem aceitado o acordo de Camp David.
Mas acredito que existe mais
uma oportunidade hoje.
Os palestinos moderados
precisam compreender que o
extremismo religioso prejudica
não apenas a Israel, mas a cada
palestino que deseja um Estado-nação palestino.
HAARETZ - A senhora propõe a volta ao mapa do caminho?
LIVNI - Acho que posso iniciar
conversações com Abbas que
deixem claro o que eles querem
conseguir dentro da visão de
dois Estados. Por um lado, quero ancorar meus interesses na
questão da segurança, da desmilitarização e do problema
dos refugiados, e, por outro,
quero criar uma alternativa genuína para os palestinos, que
inclua uma solução de seu problema nacional.
HAARETZ - A senhora é otimista.
LIVNI - Qualquer pessoa que viva no Oriente Médio e tenha os
pés no chão não pode se permitir ser otimista. Mas enxergo
uma espécie de oportunidade.
Por um lado, estamos cercados
por uma ameaça crescente, extremismo e fanatismo. Mas, pelo outro lado, precisamente em
função dessa ameaça, os países
moderados e as facções moderadas na região compreendem,
hoje, que seu problema não é
Israel. Acho que não se deve jogar essa oportunidade fora.
HAARETZ - Enquanto isso, porém,
foguetes Qassam estão atingindo
Sderot. O que a sra. está propondo
são negociações sob fogo.
LIVNI - Mesmo enquanto
[Ariel] Sharon estava no poder,
eu disse que não deveríamos
declarar que não negociaríamos sob fogo, mas que não faríamos concessões sob fogo. O
plano do qual estou falando
precisa oferecer uma resposta
ao problema dos disparos. Essa
é uma das razões pelas quais
prefiro um processo diplomático consensual a um processo
unilateral.
O comportamento dos palestinos na faixa de Gaza após a retirada israelense cria um problema grande. Mas acredito
que, na análise final, se for encontrada uma solução razoável
para as questões de segurança,
a maioria do público israelense
vai apoiar este processo.
HAARETZ - Qual é sua visão?
LIVNI - A visão é do Estado de
Israel como lar nacional do povo judaico, que oferece uma solução para o problema do povo
judaico e dos refugiados judeus,
e, lado a lado com ele, um Estado palestino que seja o lar nacional da nação palestina, que
ofereça uma solução total para
o problema da nação palestina
e dos refugiados palestinos.
Sinto que tenho a obrigação de
fazer isso acontecer.
HAARETZ - E a ameaça iraniana,
quão séria ela é?
LIVNI - O receio é de um efeito
dominó. Muitos países da região compreendem que a combinação da ideologia iraniana
com a bomba nuclear não é algo
que eles possam tolerar.
Se o Irã se nuclearizar, eles
farão uma de duas coisas: ou
vão competir com o Irã, ou vão
se unir a ele. Isso terá duas consequências: a ampla proliferação nuclear não só a países, mas
também a organizações terroristas, e, depois, os países moderados serão arrastados para
mais perto dos países extremistas. O mundo não pode se permitir um Irã nuclear.
HAARETZ - Em sua opinião, a sra.
cresceu e amadureceu e hoje é qualificada para ser primeira-ministra?
LIVNI - Sou qualificada para ser
primeira-ministra.
Tradução de CLARA ALLAIN
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