São Paulo, segunda-feira, 21 de janeiro de 2008

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Futuro de Fidel será selado em 24/2

Primeira sessão da Assembléia Nacional, eleita ontem, decidirá se ditador convalescente segue no comando de Cuba

Afastado do poder há 18 meses por motivo de saúde, líder cubano foi um dos 614 candidatos; para Alarcón, ele deve continuar no cargo

DA REDAÇÃO

A sessão inaugural da Assembléia Nacional do Poder Popular de Cuba, eleita ontem, foi marcada para 24 de fevereiro, data em que será determinado o futuro político do ditador cubano, Fidel Castro.
O anúncio foi feito por Raúl Castro, que governa interinamente o país desde que seu irmão adoeceu e se afastou do poder, em 31 de julho de 2006. É na primeira sessão da Assembléia que acontece a escolha dos 31 membros que vão integrar o Conselho de Estado, cujo presidente é também chefe de governo e chefe de Estado.
Alguns observadores internacionais acreditam que Raúl precise receber plenos poderes para conduzir as reformas econômicas de que o país precisa. Mas, mesmo que não seja confirmado na Presidência do Conselho, Fidel deve continuar exercendo muita influência, pois é o primeiro-secretário do Partido Comunista de Cuba.
Ontem, o atual presidente da Assembléia, Ricardo Alarcón, disse que, mesmo debilitado, Fidel seguirá na Presidência se continuar se recuperando de forma "tão satisfatória" como tem sido. "Se ele estiver pronto, estará em posição de seguir exercendo suas funções."
Nesta semana, após se reunir com Fidel, o presidente Lula afirmou que o líder cubano está com uma "lucidez incrível" e pronto para assumir seu papel político na ilha. No dia seguinte, entretanto, o ditador disse "não ter condições físicas" para ir para a rua.

Votação sem emoção
Os cubanos foram às urnas ontem escolher -ou ratificar, já que o número de candidatos aprovados para concorrer e o de vagas é o mesmo- os 614 candidatos que disputam o Parlamento e os 1.201 delegados das 14 Assembléias Provinciais.
Por isso, o maior interesse do processo eleitoral estará centrado não no resultado em si, já conhecido, mas se Fidel, 81, será ratificado como presidente do Conselho ou se Raúl, 76, irá sucedê-lo definitivamente.
Desde que se afastou do poder devido a uma doença no intestino, o ditador não fez aparições públicas, limitando-se à divulgação de algumas fotos e de 12 vídeos. Seu principal canal de comunicação tem sido uma série de artigos publicada pelo jornal oficial, o "Granma".
Ontem, do local onde se recupera, não revelado, Fidel mandou uma mensagem aos cubanos após votar: "Tive o privilégio de ter a visita de um membro do meu colégio eleitoral, assim como outros em mesma situação que eu".
Embora o voto não seja obrigatório, a expectativa do governo é que 95% dos 8,9 milhões de cidadãos aptos a votar participem das eleições, que acontecem a cada cinco anos.
Quase dois terços dos candidatos concorrem pela primeira vez, e a maioria tem menos de 50 anos.
Qualquer cidadão que quiser se candidatar deve, antes, passar pelo crivo das comissões eleitorais formadas pelo governo. Oficialmente, a escolha é feita após consulta à população e aos sindicatos. Críticos afirmam, porém, que apenas aliados do governo ganham aval.
Para o candidato ser eleito, basta ter mais de 50% dos votos -algo fácil, já que o governo estimula o "voto em bloco".


Com agências internacionais


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